Bom, não ando conseguindo escrever e isso me mata de certa forma. Preciso de tempo e estar descansado pra poder precisar escrever. Precisar escrever é algo que brota aos poucos. Pede disposição atenta e despreocupada. Quando estou muito atarefado penso em problemas e soluções, coisas a fazer, e me canso, deito. Não fico saboreando o dia que passou e acordo e não fico saboreando os sonhos que passaram, antes que fossem esquecidos. Eles simplesmente são esquecidos.
Imerso no devo fazer cotidiano, talvez não exista opção, a não ser costurar às obrigações, prazeres e reflexões. Escrever é uma maldição que salva segundo Clarice Lispector. Talvez uma tentativa de parecer interessante por fora como me acho por dentro (Marquito?) e nunca consigo e me irrito ao tentar. Talvez nem seja tão interessante assim.
Alguém disse que uma vida é pouca pra ser vivida e pensada. Será que quando escrevemos deixamos de viver? Escrever como fuga daquilo que realmente importa? Às vezes a impressão de que escrever nada mais é que tentar ordenar o caos e o impensável, o sujo e o vergonhoso dentro de mim, como se o que somos, como somos por dentro pudesse ser revisado e reescrito de forma intrigante.
Sempre que escrevo, escrevo de madrugada ou porque não consigo dormir, ou porque acordei explodindo. Então preciso escrever. Fernando Pessoa disse algo a respeito, vou ver onde está e depois posto.
Tudo isso pra avisar, o próximo passo desse blog será o de copiar e colar postagens e textos de pessoas que eu conheço. Talvez seja uma tentativa de que pessoas próximas sejam reconhecidas pra ter esperança de um dia ser algo também (que merda!).
Começo pelo menino que sempre escreve e tenta criar sentidos possíveis pra essa vida pela arte e pela escuta. Visitem-no
Leio como quem está com fome. Devoro cada página, certo de encontrar, ao final, algo por ora incerto. Por isso, à medida que se movimentam as folhas, trazendo-me novas linhas, minha sensação é de que, imóveis as folhas, em verdade são camadas minhas que, ato contínuo, se movem e dão, às avessas, lugar a suas sucessoras. Porque o livro, imóvel, avança. E eu experimento um tipo de regressão, posto que chego, ainda que pouco, mais perto daquilo que sou – e não sei. Penúltima página: lá está, surpreendentemente, o verso magistral, aquele que tão bem conheces... Aquele que me arranca muitas camadas, aquele que me esfumaça a vista, embaralha parágrafos, palavras, letras. Aquele que, invertido, me apresentou a ti. E que agora, revertido, te traz a mim: é tu que vejo, leio e sinto...
4 comentários:
Não é de hoje que menino aí de baixo lê o menino lá de cima, e sempre gosta muito. Dessa vez, não foi diferente... Talvez porque, de algum modo, se reconheça em muitas coisas; ou quem sabe por justamente se deparar com seu avesso. Bem, dessa vez, não é que literalmente se encontrou no final? Sei que o menino vai continuar lutando por sentidos possíveis para essa vida. Os meninos, digo...
É.. o Super-Nóia!
opa! eu não me acho (interessante por dentro), isso é Fernando Pessoa (e essa foi uma descrição que o Marcelinho fez pra me sacanear).
Ocorreu-me, ao ler seu post, que acontece frequentemente, ao escrever, de achar que o escrito está uma bosta, para mais tarde, lendo e relendo, ficar satisfeito com aquilo, como um cão olhando para sua própria obra (citando Cortázar, não lembro onde). Parece-me que tanto uma impressão quanto a outra são enganadoras, mas posso estar enganado...
não se deixe matar aos poucos...reaja a isso. Sabe, andei pensando...tem aquela historia de 'não atropelar a vida'....é dificil...as obrigações consomem a gente. Fazem coisas, que antes eram boas, perderem o sentido...
Mas viver sempre é melhor, não se esconder atras de escritos...não se viver só pelos escritos...viver! não sobre-viver...escrever mas viver.
Queria entrar aqui e ver coisas suas...e ver as suas tentativas de criação de sentido...
Um Beijo
Luana
ps. Não só comentei, como falei um monte, não é?
Postar um comentário