Acho que esse é O outro texto do qual me orgulho...
Era uma menina que tudo via e tudo gostava de ver. Seus olhos, no entanto, não terminavam nunca. Ela não tinha retinas e as imagens, capturadas que estavam, caíam para sempre dentro dos seus olhos. Nada ficava e nada se perdia. Não tinha como segurar, nem como apagar. Imagens fantasmas flutuando incessantes, infinitas.
Era uma menina triste. Como um girassol, acompanhava a fonte de luz, mas impregnada, fechava-se como aquelas plantinhas sensíveis ao toque. Absorvia e tinha de se esconder. Virava, olhava, tentando voltar-se para outras fontes. Por isso era tão luminosa. Por isso era tão arisca.
Tinha medo (era menina) das suas muitas imagens tornarem-se repetidas. Continha em si tanta luz, que não tinha coragem de andar. Invejava, era verdade, os seres que a rodeavam. Seres que podiam ver e esquecer, podiam mover, podiam parar. Seres que podiam ser. Ela, receptáculo.
Freqüentemente fechava os olhos e assim ficava, combatendo luzes e imagens, moinhos, caindo ela também para dentro dos olhos sem fundo, buracos de Alice. Ia e voltava, ciclos de vida e de morte.
Quando a conheci, vi através de seus olhos e caí, assustado. Ela, além de fechar os olhos, ficou muda. E nunca mais a vi.
3 comentários:
Que lindo Rubinho!!! Adoro seu jeitinho de escrever!!!
bem....nem preciso dizer....vc sabe como eu adoro a historia da menina...um dia vc ainda vai me falar mais sobre ele...
um beijo
Lua
Agora o calado sou eu. Gostei bastante...
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