domingo, 15 de maio de 2005

Pasmaceira

Pasmo sempre quando acabo qualquer coisa. Pasmo e desolo-me. O meu instinto de perfeição deveria inibir-me de acabar; deveria inibir-me até de dar começo. Mas distraio-me e faço. O que consigo é um produto, em mim, não de uma aplicação de vontade, mas de uma cedência dela. Começo porque não tenho força para pensar; acabo porque não tenho alma para suspender. esse livro é a minha cobardia.
Trecho 152
Livro do Desassossego
Fernando Pessoa

2 comentários:

marcos disse...

caralho, Rubão. Comecei a ler este post e fiquei impressionado... de repente vc tinha ficado genial!
Daí li o nome do Pessoa mais embaixo; que pena! =P
Mas citar também é uma arte. Achei muito boa.

Rubis disse...

hahahahahahahhahahahahahahhaa. Pelo menos você não olhou de cara e deduziu que não era eu. Ainda há esperança!