Amenidade impossível (08/04)
Devo dizer desde já que essa não é uma poesia de amores impossíveis, de saudades intransponíveis ou de preocupação com o bobalhão que agora anda atrás de ti. Não é também explosão de alegria ou angústia insone. É um segredo que, por mais que contemos, não fará sentido ou passará adiante.
...Ápice da minha criação, uma poesia de coisas amenas...
... para que possa sair e voltar ferido,
para que possa cair sorrindo
por quem tenho ao meu lado...
... amanhecer de cada dia
coberta serena
colorida gelatina,
ronrono, piadas infames, telefones e horas...
...Pairo solto no ar
entre 67 belas estéreis.
Caminho por entre paisagens secas
coberto por jóias foscas
Me embriago em ressacas tormentas
preso ao mundo em meus navios...
... Se ouvir tudo muito igual
digo aqui que não busco ser original,
valho-me de Vinícius, Nerudas, Chicos,
são deles citações, inspirações,
além disso e deles, gotas de dia-a-dia
Lembranças suaves amargas
em orações fora de ordem.
Orações discrentes dobradas com perseverança...
...Fotografias
cuidadosamente tiradas
pra sempre,
ou até a próxima arrumação de gavetas...
...Voltando de encontros mundos
estranhos alheios
a nossa paz
a nossa guerra
que destrói reconstruindo
delimitando fronteiras,
alargando reduzindo...
...Revolução da constância em minha vida...
...Engordo ao seu lado de desfrutes aquisições...
...Vivo-te como meta, como metade
borboleta,
me levas onde o caminho é estranho, regular,
as elevações suaves
e a decadência
esperada,
tranqüila...
...Me faltam longos braços, abraços,
pequenos bolos, estampas codificadas,
recordações catalogadas ou pedaços de papel.
Não sinto pela beleza roubada,
por olhos que dizem, unhas que acalmam...
...Temo pelas risadas suas
distribuídas agora tristes.
Choro pela insegurança borrada em verdes,
incompreensível.
Pelo ainda...
...Me dilacera,
seu ser
oferece impossibilidades ao mundo...
...Ligações impossíveis
de parte a parte
invasões e fraquezas
manterão?...
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