terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Minha casa

é mais fácil cultuar os mortos que os vivos
mais fácil viver de sombras que de sóis
é mais fácil mimeografar o passado
que imprimir o futuro

não quero ser triste
como o poeta que envelhece
lendo maiakóvski na loja de conveniência

não quero ser alegre
como o cão que sai a passear com o seu dono alegre
sob o sol de domingo

nem quero ser estanque
como quem constrói estradas e não anda

quero no escuro
como um cego tatear estrelas distraídas

amoras silvestres no passeio público
amores secretos debaixo dos guarda-chuvas
tempestades que não param
pára-raios quem não tem
mesmo que não venha o trem não posso parar

vejo o mundo passar como passa
uma escola de samba que atravessa
pergunto onde estão teus tamborins
pergunto onde estão teus tamborins
sentado na porta de minha casa
a minha mesma e única casa
a casa em que eu
sempre morei

2 comentários:

Anônimo disse...

olá.. só por curiosidade..pq vc escolheu Psicologia?
beijos

Luisa

luisasoler@globo.com

Rubis disse...

Esqueci de creditar... essa música é do Zeca Baleiro