Ele tira as meias da mulher, Maria, uma de cada vez. Seus olhos
roçam a carne.
Esses são os olhos da carne. Os olhos do espírito estão cerrados.
Se não estivessem cerrados, veriam em Maria não o visgo da
sensualidade
madura
mas sua imagem na velhice, como o figo seco e murcho. Se abrisse
os olhos do espírito, mataria o desejo da carne. A lascívia se
tornaria pó.
Também pode ser dito assim: subindo por uma trilha que serpenteia
pelas montanhas, entre dois desfiladeiros. Seu olhar está alerta e
aguçado,
mas os olhos do espírito
cerrados. Se os abrir, ainda que por um instante, a vertigem o fará
cair.
Tudo isso é antigo e sabido: os olhos da carne desejam, os olhos do
espírito se
apagam,
quem está aqui é você sem você, e quem não está aqui não está, e
portanto
amar a mulher para quê? Para que transpor precipícios?
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