Lâmina
carne
sangue
verte
estanca
dor
escorre
prova
a vida que corre.
Arranha o ventre, sem nome,
dor, querer voar,
poucos os que têm asas,
saio, abandono,
corte.
Expressão sem síntese do que não se explica.
Convulsa chora, eu sobre, eu dentro, me dê uma hipótese: porque???
Você se distrai, não quero mais cortar, gilete na mão e marco e relaxo e adormeço.
Mal agradecido?
Tenho o que quero. Escrevo descrevo a falta de razão, vazio de vida plena, culpado, inevitável. Inexplicável.
Me invente uma razão para poder dormir. Se ela voa é porque tem asas. Ter asas... Bom? Ruim? Os dois? Nenhum?
Quero voar, mas não vou.
Arranha um pouco a barriga, mas não quero me cortar. Juro. Juras?
Pode ir, estou bem.
Vejo o que fiz, VEJA O QUE EU FIZ!!!
Adormeço.