lembrei quando você comentou o post do Vento no Litoral
Telefone
Tento lhe sentir...
não alcanço.
Atado em meu próprio quarto;
restrito.
Impedido de ir
aonde antes
considerava meus domínios.
As horas passam,
destroem,
corroem tudo em minha volta,
menos seu rosto e sorriso.
Fotos não envelhecem
e você,
linda, arrumada...
sensual,
a meu lado,
barba por fazer, despenteado...
largado.
Enfim o telefone toca.
Sete minutos de atraso!
Mas está tudo tão escuro...
Poderia finalmente
sentir a voz de minha foto,
dar-lhe vida;
acalmar minha alma,
dar-lhe paz.
Maldição!
Não consigo acha-lo.
Segue chamando...
De onde vem o som?
Não sei nem em que direção
partir para procurá-lo.
Por que está tudo
tão disforme e diluído?!
Só o que vejo são vultos.
Esbarro no porta-retratos
que tomba,
esfacela.
No piso, cacos de vidro cortantes.
Sobre seu rosto pisado, sangue.
A janela abre,
sinto frio por dentro.
O vento leva os papéis para fora,
para a tempestade.
Minhas poesias...
Lama.
Ele toca próximo ao meu ouvido.
A natureza ruge
tentando entrar,
mas quando me viro
desaparece
e se cala.
A chuva cessa,
a persiana fecha.
Mal se distingue
o corpo único,
sentado e encolhido,
no canto do enorme aposento.
Mal se percebem
lágrimas
quando já se está molhado.
12/2000
2 comentários:
Muito bonito! Você não vai acreditar quando ler o (meu) conto inteiro... Parece até que a gente combinou... Muito bom entrar aqui e ler os seus textos!
esse ai está no top 5....
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