sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Psicologia Social em poesia

Violência que machuca o humilhado nunca é meramente a dor de um individuo, porque a dor nele é dor velha, já dividida entre esse e seus irmãos de destino. Os ataques, quanto mais nos chegam de fora e de muito antes, tanto mais nos vão paradoxalmente atacar de dentro e agora. Distantes e antigos, ficaram mais ou menos sem sentidos, embora imbuídos de uma energia difícil de conter: machucam muito, corrosivamente. Acertam antes mesmo que se pudesse atinar com seu sentido, antes que se pudesse julgar o motivo do golpe e seu ponto de partida. A dor sempre precede o seu reconhecimento mais consciente, mais ainda a dor de longa duração, coletivamente padecida. O humilhado não sabe bem porque chora e nunca chora apenas por si próprio, chora a dor enigmática e chora a dor somada.



Vou rondando experiências minhas e experiências dos outros. Minha experiência não corresponde com a do outro. Tampouco a que suponho imaginando-me em lugar alheio, repete a experiência de quem está lá. Encontro e desencontro do que dizemos e ouvimos, do que testemunhamos e do que imaginamos em nome dos outros: isso se chama conversar e faz julgar um tanto mais certeiramente as experiências compartilhadas.

Humilhação social: Humilhação Social: Jose Moura Gonçalves Filho

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