quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Alexandre Frota: o bad boy sai de cena

Ele abre o jogo sobre drogas, sexo, pornô, traição, Claudia Raia e muito mais
por Márcia Piovesan

No final do ano passado, Alexandre Frota chegou para esta entrevista na Record, em São Paulo, de peito aberto. Estava disposto a falar sobre tudo, inclusive das polêmicas nas quais já se envolveu nesses 45 anos de vida intensa. Sem o menor pudor, o hoje ator, diretor assistente e colaborador artístico da Record, onde está há três anos, falou da década em que mergulhou no mundo das drogas, do pesadelo que foi para ele fazer 12 filmes pornôs, do pavor da aids, do resultado assumidamente negativo que tudo isso gerou em sua carreira e muito mais. De cara limpa, alma lavada e extremamente grato à Record, que lhe abriu os braços na fase mais crítica de sua existência, Frota mostra-se outro homem. Tire você mesmo as suas conclusões a partir desse bate-papo cheio de revelações bombásticas.

tititi – Vendo você a mil por hora, temos a impressão de que você está feliz...
Alexandre Frota – Estou e muito. Justamente por estar trabalhando como nunca trabalhei na minha vida.

Você parece ser outra pessoa. Tem a noção disso?
Tenho. Lembro que há uns quatro anos, no programa do Gilberto Barros (o extinto Boa Noite Brasil, da Band), quando eu estava fazendo os filmes (pornôs) você me perguntou se eu não tinha limite na vida. E eu respondi que não. Olha que absurdo! Como é que um cara, um artista, declara em horário nobre, num programa de audiência visto por crianças e jovens, que não tem limites (na ocasião Frota afirmou, inclusive, que não usava preservativo para fazer os filmes)? Hoje, depois de tudo que aconteceu na minha vida, digo que tenho limite, sim, graças a Deus.

E passou por tudo o que exatamente?
Ah, a minha vida foi sempre cheia de altos e baixos, de conquistas e perdas. Por muitas vezes fui rico, depois fiquei pobre... Passei por coisas conturbadas, divergências criadas, polêmicas... Mas também tive coisas muito boas. A Record, por exemplo, foi a única emissora que abriu os braços pra mim, de verdade. E eu tenho uma gratidão enorme por essa casa. Não estou falando isso porque tô aqui hoje contratado, não. Mas eu devo a felicidade do meu atual momento, a pessoas como a Leonor Corrêa, que foi diretora do Márcio Garcia, e hoje é do Rodrigo Faro em O Melhor do Brasil. Foi ela quem me chamou há três anos e falou: “Frota, você não pode ficar fora da televisão”.

As pessoas curtiram a sua chegada?
Nem todas. Falavam até pra mim: “O Frota está acabado... É um absurdo ele ter um dia protagonizado novela da Globo (lá ele fez, por exemplo,Vereda Tropical, em 1984, e Sassaricando, em 1987) e hoje estar atuando como assistente de palco no As Aparências Enganam”. Enfrentei preconceito tive de provar dia após dia que era digno daquele voto de confiança, que era capaz. O próprio Márcio e o Paulo Franco, diretor de programação da emissora, que apostou em mim por meio de um contrato, me deram muito apoio.

E aí você não parou mais...
É, passei a fazer o Bofe de Elite graças a um convite do Tom (Cavalcanti). Comecei como ator, e no final da temporada, com a autorização do Bruno Gomes, diretor geral e criador do Bofe, estava escrevendo o quadro, ajudando na escolha do elenco e idealizando e produzindo as histórias com o Tom. Depois, conversei com o Vildomar Batista (diretor geral do Hoje em Dia e do Show do Tom), dei idéias para o Hoje em Dia e aqui estou criando e produzindo meus especiais....

E você ouvia pessoas discriminando você e encarava na boa?
Ouvi bastante. Mas sabia que tinha de ser assim. Eu vou te falar: tudo o que passo hoje foi porque plantei lá atrás. Eu optei por viver 10 anos a mil (aproximadamente de 1992 a 2002). Então, não posso querer agora que as pessoas entendam da noite pro dia que eu mudei. Muitas não acreditam. Não estou fazendo mea culpa, mas sei as coisas que fiz. E tudo isso tem uma conta a ser paga. Estou pagando.

Mas agora que você está super bem na Record, ainda enfrenta discriminação?
Ainda. Principalmente no meio artístico. Quer outro exemplo: recentemente um amigo cuja filha fez 15 anos chegou e falou: “Frota posso te pedir uma coisa?” E eu disse pode, claro. Daí ele disparou: “Não vai no aniversário da minha filha”.

E, afinal, como é que entrou na década desastrosa em sua vida?
Acho que a minha geração não teve preparo para o sucesso. Quando eu falo a gente, cito amigos como Felipe Camargo, Maurício Mattar, Roberto Bataglin... A gente não teve uma estrutura (para encarar a mudança repentina na vida). Ninguém chegou e falou pra gente: “vocês vão ganhar 300, gastar 100, aplicar outros 100”. A gente não teve isso, não foi preparado. Mas também não me arrependo. Por que se me perguntam: “Frota você viveu?” Eu vou responder eu vivi, e vivi bastante. Vivi, viajei, namorei, gastei, fui pra tudo que é lugar que quis na vida. Tive esse privilégio e também o de trabalhar com pessoas que marcaram a minha vida, como Lima Duarte, Cláudia Raia, Wolf Maia, Dennis Carvalho, Roberto Talma.

E dá pra acreditar que você mudou?
Olha, hoje eu sou um cara que trabalha dia após dia com a tranqüilidade, procurando qualidade e estudando. Consegui montar uma equipe em quem confio e com quem posso trabalhar em quase todos os projetos que faço. Foi o caso do especial da Madonna, o dos Embalos de Sábado à Noite para o Hoje em Dia. Não posso reclamar.

Você falou que passou a escrever e produzir. Já tinha feito isso antes?
Eu trabalhei por oito anos com o Talma (Roberto, diretor da Globo), escrevendo e produzindo eventos, que é o que eu mais gosto. Fizemos Tina Turner, o Paul McCartney, o Rock’n Rio, 85, no Brasil. Por isso acho que hoje poderia ser um grande diretor se tivesse tido cabeça.

E você se deslumbrou, mesmo, lá atrás?
Claro. Eu venho da periferia carioca, aí, de repente, com 17/18 anos, conheço a Claudia Raia, caso com ela e eu vou pra novela das oito! Fiquei com a cabeça a mil e não tinha estrutura para segurar tudo aquilo.

E quando perdeu as rédeas de sua vida?
Eu fiz boas novelas na Globo, e num certo momento comecei a achar que elas faziam sucesso por minha causa! E eu me perdi, justamente quando achei que era o tal.
Não é arrependimento, mas sei que poderia ter tido uma carreira diferente, brilhante. Depois de tudo o que vivi sei que nunca vou me ver na capa de uma revista carregando uma criança em cada braço, do lado de uma esposa.

Como assim, por que não?
Não sei cara. Eu estou com 45 anos... Vou contar uma coisa: estou apaixonado, mas a família da moça não me aceita. Então fica difícil. Mas é o que acontece, é a minha realidade. Já perdi namorada por causa disso (da fama de badboy).

O deslumbramento foi, mesmo, devastador?
É, aí eu me perdi e saí da Globo. Fui contra o sistema e me desentendi com o Daniel Filho (naquele momento diretor na emissora). Hoje fiz as pazes com ele, mas na época ele mandava e desmandava na emissora e eu não aceitava. Eu estava em Perigosas Peruas (1991) e ele queria me tirar da história para me por numa novela do Gilberto Braga, que é o sonho de todo ator. Mas o Alexandre Frota disse que não queria fazer a novela do Gilberto (ironizando sua própria atitude). Imagina...

E saindo da Globo...
Aí tive que começar a correr atrás, comecei a perder tudo. Em 2001 o Silvio Santos me levou pra Casa dos Artistas, em 2002 protagonizei Marisol. Em 2003 fui para a Turma do Gueto já na Record, algo muito legal. Eu gosto desse mundo urbano de violência me fascina, sabe? No meio de 2004 terminou a temporada do Turma e aí rolou meu momento de maior conflito por que existia toda uma discussão em torno do Alexandre Frota só de confusões que fizeram com que eu não fosse mais convidado para nada.

Ali vieram os filmes pornôs...
É...Diante da falta de grana, me olhei no espelho e falei: Você tem que fazer alguma coisa, tem família pra sustentar, um filho de 9 anos (Mayã, do relacionamento com Samantha Gondim), perdeu metade do que construiu... Aí eu pensei: bom, eu adoro sexo, então vou partir pro estúdio (fazer os filmes pornôs). Sabia que seria politicamente incorreto, que aquilo machucaria a sociedade, iria ferir minha família, mas precisava buscar aquele dinheiro ali para continuar sustentando mãe, irmã, sobrinhas, filho, todo mundo.

Você estava tão sem grana assim?
Tava! Aí procurei a produtora Brasileirinhas e eu fiz 12 filmes. O dinheiro foi bom? Foi. Veio num bom momento? Veio. Ajudou a resolver muitas coisas? Ajudou. Mas confesso que foi ruim pra mim. Foi difícil, desagradável, depois daquilo passei por uma série de situações e hoje a cobrança é muito maior. Aí, sim, que ninguém mais me chamava para nada em TV. Foi quando a Record me contratou.

Mas você chegou, mesmo, ao abismo, foi antes, por conta das drogas, não?
Sim, todo mundo sabe. Eu me envolvi com elas e fui ao fundo do poço por causa delas. Foi em 1994 quando achava que era “o cara”. Uma coisa leva à outra, dinheiro, amizade, poder. A droga ajudou a me destruir. Porque quando você começa a usar, a primeira coisa que perde é o sorriso. Depois, os amigos, os bens materiais, a vontade de continuar vivendo. A única coisa que a droga não me tirou foi o cumprimento dos compromissos.

Você era viciado em quê?
Maconha e cocaína.

E quando acendeu o sinal vermelho?
Não fiz nenhum tipo de trabalho para sair da droga. Eu só vi que ia morrer e parei, pensei na minha família e parei. Mas foram 10 anos naquela vida. Talvez eu seja privilegiado de Deus, porque poucas pessoas conseguem sair desse pesadelo sem uma ajuda profissional.

Sua mãe deve ter sofrido muito...
Ô! Mas não foi só por causa da droga, não. Passei aqueles mesmos 10 anos como chefe da torcida do Flamengo, que é tão casca grossa quanto droga porque você está arriscado a morrer dentro do Maracanã.

Na época dos filmes você foi internado às pressas. Circulou até a notícia de que teria morrido. O que rolou, na real?
Eu fiquei doente, sim, mas não por causa dos filmes e sim da noite (baladas). Tive uma broncopneumonia em estágio avançado, depois uma espécie de infecção generalizada. Quando cheguei ao hospital estava quase morto. Graças a Deus estou aqui.

Mas especulou-se que estivesse poderia estar com AIDS...
Mas não era.

E tinha consciência do perigo que corria de contrair o vírus e doenças?
Tinha, por isso eu sempre falei: ‘use camisinha porque a vida não é um filme’.

É, mas nos filmes você não usava preservativo. Não tinha medo?
Tinha. Cada vez que eu ia fazer exame... E olha que perdi vários amigos por causa da AIDS, o Lauro Corona, o Cazuza. Eu vivi no fio da navalha.

Você também já gerou polêmica com os ensaios para a revista G Magazine.
Eu fiz quatro capas da G e sempre optei por coisas bizarras. Então foi beijando um homem na boca, abraçado com dois caras na piscina, fotografei com travesti... Sempre teve uma coisa assim: se é para vender para o público gay, vamos vender liberdade! O público gay tem um negócio comigo muito forte... sei que sou um ícone gay, porque eles gostam de homem com cara de homem, tipo Malvino Salvador, Humberto Martins, Marcos Pasquim, Jackson Antunes. Parece falta de humildade o que eu vou falar, mas imagino que todo gay gostaria de tomar uma pegada minha. (risos). Mas não é a minha onda, não gosto de homem.

A verdade: você nunca transou com um?
Nunca. O único caso que tive, e que não foi caso, foi com a Bianca Soares (travesti descoberta na Casa dos Artistas (2004). Transei com ela em um dos filmes.

Mas ela é praticamente uma mulher!
É , mas tem p... (gargalhadas).

E você se lembra com quantas mulheres se relacionou nos 12 filmes?
Lembro: 73

Naquela década alucinante, como era sua vida amorosa?
Ela sempre foi muito intensa. Eu tive muitas mulheres, amei muitas. E acreditem ou não, eu sou capaz de amar duas mulheres ao mesmo tempo. É verdade, e isso não é ser galinha, eu consigo amar mesmo.

Quantas vezes você se casou?
Casei com a Claudia Raia, em 1986 (no total foram seis anos juntos), com a Daniela Freitas, a Simone (Ribeiro) e com a Andréa Oliveira, ex- Romário. O casamento durou 65 dias (risos). E sou amigo delas até hoje. Só a Daniela que depois de tudo o que fiz por ela disse que gostaria de me esquecer pra sempre.

E o que você fez por ela?
Paguei faculdade, curso de teatro, de radialista, a ajudei a ir para a TV...

Mas espera aí... você não a traiu, não?
Trai. Mas trai no final da relação, quando já não amava tanto.

Você é de pular a cerca?
Cerca, muro, buraco, o que tiver que pular. Parece machista falar isso, mas eu sou um cara que quando amo, amo, quando tô junto, eu tô junto... Mas, de repente, me dá uns cinco minutos e aí já foi. Acho que isso diminuiu bastante com a idade.

E hoje, está namorando?
Não. A pessoa que eu gostaria de namorar a família dela não quer vê-la comigo, mas levo de boa. É difícil uma família aceitar ver sua filha ou irmã com o Alexandre Frota e até entendo isso.

E quem foi o grande amor da tua vida?
A Claudia Raia. Só quero frisar que respeito demais a Claudia, o casamento dela com o Edson (Celulari) e a família linda que ela tem hoje. Porque algumas pessoas, certas vezes, quiseram criar situações entre eu, ela e o Edson. Mas nada a ver. Eu respeito muito os dois, ela merece o que está vivendo e o sucesso na vida profissional e pessoal.

É, essa virada deve ter feito bem...
Ah, sim...Agora, aos 45 anos, minha história é só essa aqui (na Record). Estou voltado para ajudar essa emissora e é delicioso trabalhar. Eu chego cedo, saio tarde, me envolvo em tudo o que posso me envolver. Fico umas 12, 13, 14 horas aqui e pretendo ser um diretor de ponta. E quando não estou trabalhando, vou ao parque ou ao cinema, malho... No teatro não gosto de ir. Talvez porque tenha feito peças de muito sucesso e não tive mais a oportunidade de produzi-las. Eu gostava de fazer aqueles grandes musicais como Splish, Splash e Blue Jeans (anos 80, com Wolf Maia).... Tenho tanta saudade daquela época...

Alexandre, o que é que falta pra você?
Falta construir uma vida mais tranquila, um canto meu e viver em paz. É isso, vou seguir em frente. Amado por muitos, odiado por muitos, mas respeitado por todos.

7 comentários:

Domenico disse...

hahaha
fico me perguntando por que vc colou a entrevista do Frota aqui. E tb me pergunto por que será que a li inteira? rsrs

Unknown disse...

Noóoo que saco rs

Rubis disse...

hahahahahahahaha

Marcelo disse...

E ae.. vai procurar a Brasileirinhas também??? Pow.. 73.. e quase todas muito gostosas.. huauhauhauha

... disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
... disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
... disse...

Apesar de tudo que alexandre frotas fez acredito que ele mudou acredito nas palavras dele .
seii que muitas pessoas não acredita nele pelo simplis fato do passa do dele pela coisas que ele fazia mais achoO que elatem o direito de uma segunda chace..