Nao pertencia. Nao pertencia às previsíveis falas televisivas, nem às previsiveis risadas que se seguiam. Nao era parte daquele verao abafado quente, outro verao abafado e quente para se celebrar amizades, para conhecer lugares novos, para sair e se divertir. Todos ao mesmo tempo (Como aquelas fotos de jornais tao clichê sobre chineses, sempre aos milhares ou aos milhoes, celebrando algo, pedalando, nadando, comendo, enfim, passando a ideia de multidao e indiferenciaçao e poder da "China do novo milênio"). Nao suportava a trivialidade dos chamados "espaços comuns de convivência", aquela cordialidade esperada, parida, aquela integraçao quase adolescente (Como aqueles sites de encontros por internet, o parceiro ideal, o sexo sem compromisso, sites com bancos de dados inteligentes e integrados, ambiente virtual agradável, assegurados por invisíveis selos de segurança): Where are you from é o caralho, nao te interessa, nao é porque estou aqui que vou ser simpatico e conhecer gente nova!
Ao invés disso devorava a caixa de cookies baratos que deveriam durar por 3 dias, espremido entre camas e mochilas, enquanto da janela se ouvia um sábado à noite.
Também nao pertencia a todo aquele silêncio.
3 comentários:
mas Rubens, puxa vida, o brasileiro é povo cordial.
PS: um dia hei de usar "where are you from é o caralho". valeu.
um dia não vai mais estar espremido em nada. e provavelmente sentirá saudades: insalubres, em tempo.
Boa Rubão! Estes dias eu quase falei where are you from o caralho!! hauahuahauha.. Acabei ignorando e a conversa nem se estabeleceu..
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