Agora mudanças absolutas. Conheci uns italianos e foi um encontro tao verdadeiro e com trocas tao interessantes que decidi adiar minha volta para o Brasil!
Ok, nao foi assim, de uma hora para outra, existia desde sempre uma indecisao. Mas depois de conversar com eles me pareceu que a viagem ainda nao esgotou suas possibilidades. Me convidaram para passar um mes na Italia na casa de uma e outra pessoa.
Povo exagerado, intenso. Eu que nao tava planejando Italia dessa vez, vou acabar por procurar um pouco de raizes tambem.
Decidi que depois vou pra India, pra longe, buscar mais contrastes, mais diferenças.
Mas o processo de escolha foi doloroso. Morro de saudades e de vontades de casa, familia, amigos. Os verdadeiros amores a quem quero me dedicar. Ja estava fazendo planos de trabalho, pensando no friozinho do inverno paulistano, em pra quem iria ligar primeiro...
Decidi tá deicidido, assim nao fico me remoendo (tanto) com tudo que estou perdendo.
Bom, só poderia chegar na Itália em Agosto. O que fazer nesses 15 dias? Decidi voltar pra Terrassa, comi meu orgulho com batatas (depois de me demitir por principios) e liguei pro meu ex-chefe pra mendigar qualquer extra nesses 15 dias. Planejava ficar na casa da Marta, 15 dias afinal nao é tanto assim. Mensagem por educacao pra pedir, eis uma resposta inesperada, seu irmao tinha brigado com a esposa, nao havia mais camas! Caralho, um dia antes do voo pra Terrassa, dois dias antes do voo pro Brasil. Duvidas. Seria um sinal de que deveria voltar? De que as coisas nao sao assim, tao cor de rosa? Vou ou nao pra Terrassa? Mensagens pra outros amigos que nao me responderam. Sempre existe um espaço no cantinho da sala ou no porao pra nao deixar um amigo na mao, ainda mais se o amigo jah se rebaixou e se humilhou a ponto de pedir um lugar pra ficar.
Nesses ultimos tempos estava buscando e experimentando a dependencia como modo de relacao, aceitando e vivendo do que me ofereciam, querendo o que me ofereciam, à merce de estranhos, descobrindo outros Outros. Explorando as possibilidades de doaçao a um completo estranho como eu em troca de simpatia, contato com a diferença, experiencias a compartilhar. O que pode acontecer quando um nomade encontra um sedentario? Ou alguem em transito? Como as relacoes podem se desenvolver? Sob que condicoes? E nessa busca, sempre encontrei algo, mesmo sem precisar, sem a necessidade propriamente dita. Um modo de viver ao acaso dos encontros inesperados e passageiros. E quando precisei e pedi para aqueles que eu conhecia, nao encontrei nada.
Experimento, entao e finalmente o lado amargo desse deixar-se levar, desse errar, desse desprender.
Decido vir a Madrid, seguir viagem, mesmo sem a menor vontade, mesmo querendo ficar em Terrassa. Me chamaram impulsivo, mas pensei durante horas e mais horas e dormi e pensei e esperei e vi e senti e pensei. Me senti desalojado, sem chao, sem cama, sem ajuda, desabrigado, desencontrado, descuidado, sem ter quem me mimasse. Me faltou sorte. Me faltou amizade verdadeira, alguem que se preocupasse comigo.
Quando me dei conta de tudo que estava sentindo, quis escrever, quis viver tudo, intensificar... Sacar toda a angustia por uma experiencia mais completa nessa tentativa de compreender relacoes de dependencia. O que é necessário, o que é possivel, o que se sente quando a expectativa é frustrada. Claro, o principal problema é o precisar de algo, uma expectativa que nao poderia ser frustrada, uma dependencia enfim, me repetindo. Quando quem depende nao recebe, simplesmente fica sem.
Talvez nao devamos depender de ninguem, mas buscar autonomia e independencia. Talvez seja porque ninguem esteja acostumado a depender e a ter alguem dependendo de si. Talvez seja esse o caminho, evitar quando possivel. Talvez devessemos aprender como se faz.
(Bosta de final com moral da historia e tudo. Bosta, bosta. Mas tava precisando no momento que escrevi, do tipo, continue acreditando. Hahahaha. O importante é que agora estou bem e sigo viagem)
Um comentário:
Ae Rubón.. alguma hora as coisas se esgotam, por um acaso?? Só na hora que vc desencarnar, meu chapa..
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