quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Gemidos e silêncio

Tentavam evitar se encontrar, mas o excesso de móveis e os fios pelo chao faziam com que quase sempre quase se esbarrassem. Tentavam, entao, evitar de se olhar. Andavam de cabeça baixa e atentos. Sentavam lado a lado no sofá de dois lugares, as cadeiras vazias tentando preencher espaços. Inevitável, se descuidavam e acontecia, quatro olhos úmidos assustados. Recuavam.
Quando já nao passavam carros pela avenida principal do lado de fora da janela, ele, no quarto, se agarrava à pelúcia, ela, no sofá, passeava desatenta em seu laptop. E o silêncio pesado falhava vez por outra cortado por gemidos contidos. Ou assim imaginavam um e outro enquanto se masturbavam. Quase sempre ao mesmo tempo.
Fantasias de calor. E toque. Fantasias de contato.
Pela manha, constrangidos, sentiam uma forte compaixao pelo outro, mas nao conseguiam se aproximar. Gordos fantasmas prendiam os pés e apertavam os peitos na direçao contrária, ocupando todo o apartamento.

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