Desestrutura

Mãos sobre tela. Asperezas pequenas ranhuras entrecruzadas, um corpo todo entrega, um corpo tela e mão. Silêncio colorido. Inspiro. Silêncios. Um minuto: respirando, sentindo respirar, você em meu colo, eu braços, quadril você, rosto em quentura, hálito que inebria, respirando, sentindo respirar, linhas e traços distorcidos: silêncio, meus ouvidos doem, respire apenas, respire comigo, meu ar, seu ar, abrigo. Proximidade distorce. Abstrai ou aproxima. Abstrai ou aproxima? Do que é real? Já não posso mais te ver de tão perto. Não posso mais. Stay, d´accord? Esponteinadade bruta leveza, leveza que não se permite. Rest. Permita que eu fique somente essa noite? Que estacione o carro fora de todos os limites?

Estacionamento de visitantes
Tempo de permanência: 6 horas

Oito horas de descanso, leito úmido desarrumado, desaninho, não ninho. Insone tempo insuficiente. Lugar de ser feliz não é supermercado? Deixe deslizar seu corpo pelas asperezas da tela que marca, marcar tela, subir e descer e girar e torcer. Ranhuras, rasuras, rasgos e lanças negras. Deixe eu deslizar seu corpo, deixe seu corpo deslizar. Deixa-me seu corpo. Deixe seu corpo. Deixe seu corpo. Molduras limites despregados, pregos e quinas, aberturas, desestruturas. Quadro inquieto meu e seu. Fique. Calma e desperta. Acorda. Silêncio.

Colora dias calejados, sim? Distorcidos egocêntricos, colorindo em silêncio... Juntos? Meus dias calejados... Asperezas... Ranhuras... Ninho... Supermercado... Desestrutura... Cor... Silêncio.