Era uma tarde já quase azul e o sopro que batia insistente separou do galho a folha mais alta e verde e frágil. A pequenina não desejava cair e tentava em vão subir, enquanto as folhas mais velhas lamentavam seu trajeto rumo ao fim da existência.
Por algum motivo que não conseguia entender, decidiu-se: abriu-se inteira ao vento e, sem medo, aceitou sua queda. Em sua grandeza de folha pequena compreendeu o fato de que não iria mais subir, sentiu frio. Livre, desceu suavemente e voltou a si em meio a grama, onde repousavam inúmeras folhas tão verdes como ela.
Pela primeira vez seu peso não se sustentava em um único ponto, espalhava. Então o vento impaciente arrancou dela o que poderia ser um início de satisfação e levantou, subiu, bailando de um lado para o outro até onde se encontrava no início e para cada vez mais alto. Era tão pressionada e lançada que não aguentou. Por estar onde não cabia, por estar onde queria, por alcançar um lugar que jamais poderia ser dela, se despedaçou. De tanta felicidade.
Caiu. Choveu-se. Mil de si fecundando o solo e alçando vôo.
3 comentários:
SENTINDO O MEDO DA QUEDA, MAS A LIBERDADE DO VÔO...
" O INIMIGO É MEDO."
PELO MENOS NOS MEUS SONHOS EU POSSO VOAR... E ME SENTIR UM POUQUINHO LIVRE.
MESMO Q SEJA SONHANDO.
Bela parceria! Adorei muito!
Bjos
caracas.... vc é a segunda pessoa que eu conheço de peixes, com ascendente em peixes e lua em peixes... o outro sou eu.... legal... muito legal isso! Encontrei vc na lista de amigos do Chuchu... sou amigo dele de Cuiabá, sou ator e mestrando em estudos culturais...
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