República das Meninas

Faz tempo que fiquei de falar aqui sobre a República das Meninas.
Ando em crise com aquele pequeno espaço lúdico. Seria para eu me sentir em casa lá? Ou é um lugar pelo qual eu só vou passar? Não ficando por lá, com certeza nunca vai se construir um lar, mas até a cama eu divido, aí fujo, da falta de companhia, ou para companhia que só oferece e não cobra, fujo das obrigações, fujo da saudade e do cansaço, dos espaços estéreis. A difícil arte da convivência...
A República tem esse nome para reafirmar nossa masculinidade. Temos mais temperos do que qualquer outra república, mais materiais de limpeza (que nós mesmos fazemos), maior variedade de xampus e condicionadores por habitante, maior quantidade de homens cabeludos e um espelho enorme, corpo inteiro, uns dois metros de largura, de causar inveja a qualquer motel. Não é a tôa que ela tem amplo reconhecimento entre os estudantes.
Fazem parte dessa República uma verdadeira família. Temos o Pai, ouvinte de chorinho e apreciador de cachaça mineira, tem uma vida estável e passa seu tempo conciliando o conflito de gerações na casa. A sogra, não gosta de ver um prato no escorredor e tem admiração por pessoas limpas e cheirosas. A tia, velhinha e hipocondríaca, tem preguiça de ir até a esquina comprar comida. A irmã mais velha, não pára em casa e parece que está descobrindo o mundo, não dá ouvidos aos mais velhos. O caçula, revoltado nos moldes de hollywood, ouve guns´n´roses alto e se considera injustiçado pelo sistema que o oprime. Tínhamos também um tio legal, que levava o caçula para o parque e o ensinava a cozinhar. Mudou-se.
Tivémos uma conversa séria dia desses, no qual nos comprometemos a mudar o mundo. Vamos ver os resultados...