Chega de Rubens...
Em homenagem ao Busílis, o cara do topo da espiral dialética
Acabei de assistir o filme “A Corrente do Bem”, no SBT, a emissora construída por Sílvio Santos, esperto ex-camelô carioca, cuja estória está brilhantemente contada no livro “A Fantástica História de Sílvio Santos”, que mostra claramente como se pode, a partir da esperteza e da exploração sistemática e sentimental do povo simples e burro, enriquecer (coisa mais fácil é fazer o mesmo com a classe média e rica, estes que se acham acima do grosso da humanidade só porque têm alguma cultura (as notas de rodapé das enciclopédias) e falam difícil e moram em prisões de luxo (como diria “aquele que já nasceu velho” Lao Tsé, quanto mais posses, mais preocupações em se manter estas posses,), com o seus brinquedinhos caros, porque nestas camadas, a hipocrisia rola solta, e é mais fácil enganar, já que ser enganado é o que eles mais gostam de fazer e desejar a si próprios, via “educação” e “bons modos”, verdadeiros manuais de máscaras e de dissimulação dos sentimentos). O pior é a classe média, que gostaria de ser rica mas não pode, e almeja subir de classe social, apenas para dizer “eu venci na vida!”. Ora, venceu o quê? Contra quem era a batalha?
Enfim, o filme é bom e eu até chorei (bububuuáááaa....chuif chuif...) no final, achei uma bosta, o protagonista ('i see dead people') não devia Ter morrido, até me lembrou o mito daquele velho Mestre de Nazaré, que morreu pela sua loucura, pela sua causa, enfim, acreditando na Humanidade (velho tolo...), contra todos os que O rodeavam (que se perceba que o mito de Cristo pertence à Humanidade, e não apenas a um povo “selecionado”, já que esta estrutura da pessoa que vem se sacrificar, ou dar um exemplo brilhante aparece em muitas culturas e povos de todo o mundo e épocas. Pensem: o que será que este mito quer nos dizer???).
Isto foi legal, morrer pela sua “causa”, mas é meio ingênuo acreditar que a gente pode ajudar alguém, neste sentido. Claro que pensando desse jeito nunca poderei ser um psicólogo com clínica.
Até penso, ultimamente, para quê serve a Psicologia? É mais uma profissão, mais um pequeno engodo. Coaduna perfeitamente com o “se a minha vida está ótima, beleza, que pena daqueles que não podem ver a vida como eu vejo...vamos deixar como está para ver como fica, vou é viver a minha”, psicologia que serve à adaptação???
Nem preciso dizer como a dita “espiritualidade” entra nisso tudo como um engodo, pois a maior parte das pessoas apenas repete os “ensinamentos esotéricos” que ouviu, entre velas e pentagramas e aquele misticismo barato e ingênuo de filme de terror ou confunde a própria experiência com aquilo que leu, e grande parte desses ensinamentos, deturpados, serve à dominação e ao comodismo. “Oh”, dizem, “é o seu carma”. “Puxa, só depende de vc sair dessa!”. “Ninguém pode trilhar o seu caminho, é só vc!!”. Isto é, pois, o cúmulo do individualismo! Vem a servir justamente ao oposto daquilo que pretendiam os seus fundadores, aliás belos egoístas, como o menino do filme.
Deixou uma idéia bela, apenas pôs em marcha o início, e morreu e deixou tudo nas mãos dos outros, “sigam o meu exemplo”. Como se os outros tivessem a mesma motivação e preocupaçao e energia com o gênero humano que ele. (basta ver como ele reagia com a merda no mundo. 'o mundo é uma bosta!', dizia, 'tá tudo errado!', e eu concordo com ele, só não tenho a mesma motivação...ajudar os outros, tsc, tsc...) Ora, depois que se morre, é fácil virar Santo! As pessoas projetam na Morte (A Grande Incógnita), no Desconhecido, o que quiserem, até mesmo um estado de santidade ideal e metafísico. Claro, sem as limitações e exigências do corpo físico, nem a fome e nem o frio e nenhum dos desejos é um problema. E como gostaríamos, em alguns momentos, de nos ver sem os desejos! Quantos sofrimentos evitaríamos! (é o princípio do prazer 'elevado' à esfera do 'espírito'...). Como é grandioso Ter idéias Humanitárias, que visem “ao bem-estar de todos”, como é grandioso que os outros lembrem de vc “por causa disso”! Afinal, não faríamos uma grande viagem se não pudéssemos contar a alguém sobre isto depois (aquele prazer sombrio, que todo mundo nega, do 'eu tenho, vc nào tem!!'), e, nestes casos, até exageramos na nossa 'felicidade'; a viagem que a gente conta para os outros (com milhares de fotos sorridentes) sempre é mais feliz e mais colorida do que a viagem real que a gente fez, e ficamos envergonhados de confessar 'fiquei triste em alguns momentos', como se a tristeza fosse um pecado e não uma emoção genuína da substância humana... Mas continuamos como nos séculos anteriores: de um extremo, pessoas morrem de fome, e de outro, têm tanta comida que brincam com ela (culinária), fazendo coisas coloridas e complicadas, que pouco têm a ver com a nutrição, é a arte pela arte, inútil.
Claro, afinal de contas, temos que fazer algo com o estranho tempo que nos é dado de vida neste planetinha de terceira categoria. Agora, se há mesmo algo transcendental por trás disso, sinceramente não sei. Mas algo indica que sim...
Um comentário:
Puxa, caro Rubens, é a primeira vez que me citam... quase choro de emoção. Olha só, quando vc dominar o mundo, quero ser o seu primeiro ministro... acho que a sua primeira medida devia ser jogar LSD na caixa d'água de S.P....
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