domingo, 16 de outubro de 2005

Diálogos

Em silêncio os sorrisos não faziam sentido, não eram de nervoso. Sendo esboçados, ele ou ela tomavam consciência, forçavam que saísse enquanto tinham certeza que não cabia ali naquela situação. Tentavam a seriedade descabidos em si, músculos faciais remoendo.
Papéis e papéis sobre a mesa. Ele passeando a caneta entre dedos.
-São tantas coisas importantes que te distraem.
-Como assim? Ele com olhos baixos, como se a caneta necessitasse atenção.
-Não sei. Vou embora. Silêncio, como se tudo em volta parasse e cada momento e exitação fossem amplificadas e estivessem em foco
Ele, com os olhos levantados, fixa. Ela, olhos trêmulos. Fora, árvores cedendo ao vento e voltando ao lugar – Você espera que eu peça para você não ir.
- Mas você nunca faz isso, não é? Olhares de cobrança e indagação e silêncio. Silêncio. Ela passa por trás e senta ao lado. – Por que você faz isso? – Isso o que? – Não sei... – Te desafiar e te expor? – É – Porque eu sou sádico... Porque eu quero saber quem você é – E adianta? – E adianta? – Pra você – Não precisa ser pra mim... adianta (ele olha, ela concorda ou aceita). Eu gosto dos nossos diálogos
- Eles poderiam ser insuportáveis. Porque não são?
- Porque se dão entre pessoas que se gostam
- Poderiam ser ainda mais terríveis
- Porque tem boas intenções – Talvez não saibamos as intenções – Acho que temos a intenção, embora não saibamos o que estamos dizendo – Agora vou mesmo – Tchau – Tchau.

Um comentário:

Anônimo disse...

E gosto de você...
Por tudo... e apesar de tudo...