Achei triste, mas não é comovente, não dá pena. Talvez seja porque são exagerados, acontecimentos romanceados, poetizados. Eu conheço a verdade por detrás da palavra, eu conheço você a cada entrada, vi a flor murcha, o nariz entupido, eu cheiro a maquiagem. Eles não têm movimento, são todos estáticos. São fotografias, não tentam nada, sem vontade, sem desespero, não lutam para serem o que não são. Apenas vão (na verdade ficam), discursofloreando, mostrando debaixo da saia ou detrás da nuca, perspectivas, mais do mesmo. Você não escreve para deixar de estar triste? Então... Você está parado e, à medida que escreve, vai se libertando e libertando as palavras, que ficam por ali enquanto você pode seguir.
O que dizer sobre suas palavras que muito já me causaram entre desconforto, curiosidade e admiração? Numa estática própria, parecem insistir em se abster de qualquer momento, não deixando espaço nem mesmo para uma furtiva expectativa de mudança. A impressão que se tem ao lê-las é a de se deparar é a de se deparar com uma imagem. Você parece se permitir sentar no banco do passageiro e apreciar a paisagem, nos dando e se dando assim a chance de ver através de outras lentes. Como se tirasse fotografias, congela o que, instantaneamente, se desfaria, construindo negativos da realidade. Digo, entretanto, que toda essa estática não passa de aparente. Comofotografias que são, seus textos tentam reproduzir imagens que, no instante seguinte, já deixam de ser. Retratam momentos únicos que, padoxalmente, em sua estática característica, indicam algo anterior e seguinte num movimento inevitável. São retratos quase irretratáveis de partes de um processo inacabável. Ou ainda, construções de sentido sobre o que só pode ser significado à distância. E, distante que é, permite apenas a contemplação. Mas a fotografia não se furta ao movimento dos palíndromos e, nessa repetição, pode levar à estática.
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