sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Cursinho a partir da Argentina

Isso foi uma carta que escrevi no meio da minha viagem de férias. Passo muito tempo (ou passava) pensando no cursinho. É um trabalho, mas ao mesmo tempo, algo em que acredito. Perfeito? Minha vida e o trabalho se misturando, sei lá, estranho, talvez o que eu queira pra minha vida. Um trabalho que eu ame e ao qual me dedique intensamente. Será que é possível uma estabilidade ou seria mais uma paixão que logo vai se esvair, como todas as outras?


Como estou já distante e nao vou poder me manifestar, gostaria de falar algumas coisas. Nao sei como a discussao ira proseguir nem nada, mas mesmo assim fiquei meio encucado e mal com algumas coisas da discussao no forum, o que nao tem me deixado parar de pensar no cursinho aqui na argentina...

Desculpem a ortografia e acentuacao, mas nao estou me entendendo direito com esse computador

Queria primeiramente ressaltar a satisfacao pela grande participacao no forum e algumas coisas já ditas pelo felipe, que estamos abrindo essa discussao para chegarmos juntos a solucoes. Tambem senti, como ele, falas de defesa e acusacao.

Acho que os que estao chegando agora podem pensar as coisas diferentes do que os que estao ha mais tempo com mais facilidade, mas tambem com mais facilidade se esquecem ou nem sabem do que aconteceu em epocas anteriores. Sei que talvez fique a impressao de um certo desrespeito em algums propostas, mas realmente nao eh essa a intencao. Nao quero e nao queremos prejudicar ninguem.

Teria um pergunta: Quais as nossas possibilidades de pensar em algo se nosso emprego, dinheiro e futuro estao implicados?

Acho que qualquer ideia pode ser justificada, inclusive as nazistas. Isso pode estar acontecendo tanto com a proposta da coordenacao quanto com a defesa por parte de alguns professores.

Conseguiriamos pensar o projeto do cursinho sem ser algo necessariamente de quem faz parte dele. Algo que va alem de nós? Ou sera que o cursinho soh faz sentido se continuar com as pessoas que fazem parte dele?

Quando entrei na coordenacao junto com a Elisa fiquei com a impressao (nao tenho certeza de que ela compartilha dessa sensaçao) de que a propria coordenacao nao faria sentido como um espaço para se passar varios anos e que talvez a coordenacao fosse um lugar mais interessante se ja entrassemos pensando em nossa estadia, em um determinado espaco de tempo, preparando a saida para a entrada de pessoas novas, que possibilitariam novas ideias. Pensar dessa forma tambem auxiliaria a deixar claro o que fazemos e como fazemos para os proximos que chegarao. Nao sei se isso corresponde a realidade das aulas, mas acho que foram essas coisas que possibilitaram essas ideias no financeiro, na coordenacao pedagogico e na coordenacao geral. Isso faria algum sentido para os professores? Pensar no espaco como de formacao faria algum sentido? Deixar outras pessoas ocuparem esse espaco?

Acho que a maioria dos professores esta no cursinho a menos de tres anos. Obvio que nao eh suficiente, no limite, uma vida inteira nao eh suficiente para dominar tal arte. Mas, seria esse um tempo razoavel? Os atuais sao incompetentes?

Esse nao seria um espaco para estagiarios no sentido ruim do termo pois seriam todos estagiarios. Nao haveria uma exploracao no pior sentido do termo...

O cursinho nos mostra as condicoes de aprendizagem no ensino medio a partir da vivencia com nossos alunos. Qual a nossa proposta com relacao a isso? A solucao eh cursinho ou ensino publico? Se fosse um espaco de formacao estariamos privilegiando o segundo? Ou devemos investir em cursinhos? O da psico eh a solucao que apresentamos? Tal como esta? Ou deveriamos ampliar? Ou devemos incentivar iniciativas individuais como a nossa para solucionar a questao de quem eh pobre e deseja ingressar na universidade? Ou nao achamos que o ensino publico seja deficiente?

O que garante que nao somos a Poli reduzida? O que garante o nosso carater publico, que nao usamos o nome de cursinho popular/alternativo para ganhar dinheiro?Nos mesmos? Especificar como espaco de passagem garantiria oxigenacao e nao apropriacao do projeto. Queremos isso? Ou queremos um projeto nosso? Pode ser...

Continuando sobre a critica levantada na reuniao, concordo que devemos pensar sobre o estado e a universidade. Devemos tentar uma outra forma de publico, a partir de nos mesmos ou a partir do estado? Ou a partir do modelo de organizacao nao governamental? Criticamos a universidade, mas foi essa universidade e esse estado que garantiram a maioria de nos uma formacao e base para pensar e atuar nesse projeto e eh nessa universidade que queremos que os alunos entrem.

Tenho ainda uma ultima questao: E se nao conseguirmos levar bem essa discussao, ou nao seja possivel fazer isso, ou nao seja possivel em algum ponto especifico e acabemos caindo em uma especie de disputa de classes, entre parenteses. Os professores sao grande maioria do corpo do cursinho. Seria mais justo um colegiado para possiveis votacoes? ou votacao proporcional? Ou individual, privilegiando quem vem discutir? Os horarios decididos tambem excluem parte dos funcionarios nao professores do cursinho. Tem algum jeito de possibilitar, garantir ou mesmo incentivar a participacao nessas dicussoes?

Bom, para quem chegou ate aqui, muito obrigado pela atencao. Queria pedir que fosse passado para pessoas que nao tem acesso as listas e que fosse lido no inicio da discussao da proxima segunda feira.

Bom, valeu, espero nao ter ofendido ninguem, queria deixar essa contribuicao de Santa Fe, Argentina.

Beijos e abracos

Rubens

Um comentário:

Flor disse...

gostaria de dizer que registrei ele escrevendo sentado no meio fio em uma pequena cidade argentina, antes das 8 da manha, com um vento gelado e cortante para não esquece ro que ele queria escrever sobre o cursinho....