quinta-feira, 8 de setembro de 2005
Chega?
Um muleque, isso é que é; chega de perder tempo sofrendo; diziam e eu não dava ouvidos, precisava comprovar, precisava tentar; um menino-sonho, do meu lado, como se pudéssemos ter sonhos entre os braços; tão pequeno... mimado! Me tranquei, chorei, tinha que calcular minhas perdas, enterrar meus mortos; falavam, mas eu não podia escutar; precisava a dimensão da tristeza para tentar alegria. Sei que posso com outro; é uma questão de dedicação; ingrato; alguém que me queira; um homem, maduro; tão seguro de si e medroso; me olhava, pedia ajuda? Era como se pudesse contê-lo entre meus braços antes dele levantar e sair; era como se fosse livre, o contido; não se ligava a mim (não se prendia?). Gostava de dividir a comida, tanta intimidade tão pouco tempo; ele levantava e saía; chega de olhar nos olhos; não era o momento, ou não era pra ser; nos encontramos tanto, somos tão parecidos (ou ele fazia parecer). Não tenho certeza de quem ele é, uma massinha de modelar de mão em mão; não posso tê-lo; ele querendo voltar, de novo; chega de olhar; ele levanta e sai; alimenta-se do sal das lágrimas. Ou dos sorrisos bobos? Nos encontrávamos ele levantava e saía; preciso me dedicar; alguém que não se tranque e não se esvaia entre braços, alguém seguro que eu possa ajudar; menos sal, mais certeza; alguém mais parecido comigo, mesmo que não se deixe modelar.
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