quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Mortos-Vivos

Esse livro tem umas passagens muito boas...

"Chega um momento da vida em que, entre todas as pessoas que conhecemos, os mortos são mais numerosos que os vivos. E a mente se recusa a aceitar outras fisionomias, outras expressões: em todas as faces novas que encontra, imprime velhos desenhos, para cada uma descobre a máscara que melhor se adapta."
Ítalo Calvino
As Cidades Invisíveis

Me armei de muita coragem, já tinha pensado bastante, mas ainda assim me sinto envergonhado e constrangido. As pessoas levam a sério, muitas me olham com cara de interrogação, poucas risadas, teve até quem achou bonito. Já sei que fiquei parecido com rapper, ator pornô da década de 70, com o Freddy Mercury, Village People, com um policial, qualquer pessoa com mais de 55 anos, com um malandro carioca da década de 30, com um tiozão, com mexicano, com office-boy. Talvez tenha até ficado bom, mas culturalmente é inadimíssivel achar isso...

Ontem, enquanto era claro, cada estrada era um atalho. Planícies, encurtando caminho, voltadas para a direção que se apontava. Em frente. Entrecuzando-se. Daqui se podia ver. Saiam de onde se vinha e chegavam ali, onde se queria, no pote. Anoiteceu e só há uma luz fraca. Ao que parece, existem caminhos por todos os lados. Ou se pode apontar para onde quer que seja. Impossível saber se a escassa iluminação ameniza as excedentes irregularidades. Há sombras. Talvez levem a precipícios, talvez levem a vales, talvez levem longe, talvez não se passe. Distante imaginação de onde se está e se impede, impedindo de sair e de andar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei mais da história quando você contou, não sei, pareceu-me mais viva, com sons, cheiros, cores, ... não, na verdade a história era outra, diferente mas igual.
Quando a seu ato de coragem, acho que é apenas uma questão de costume (credo, mas é fato), aos poucos, olhamos e não achamos mais estranho e ultrapassado (hehehe).
Bjos