As pessoas sempre chegam devagarzinho, topando qualquer parada e depois vão se acomodando, querendo do bom e do melhor. Vários são exemplos.
Quem entra em um projeto social remunerado, quando contratado, chega a achar um absurdo receber. Aí se convence de que é justo receber porque é um trabalho, porque pode se dedicar com mais afinco, daí para cobrar hora extra e passar a achar absurdo não receber vale transporte que nem a faxineira é um pulo.
Tem a questão do tipo de lugar que você fica quando você viaja. No início, qualquer buraco é cama macia. Depois, só se for limpinho e finalmente, pousadinhas.
As coisas sempre perdem o sentido quando repetimos durante algum tempo e os valores se invertem. A cama da estadia, usada para possibilitar de conhecer um lugar novo, passa a ser o essencial, e o lugar, sei lá, dependendo do hotel... O projeto social é bom, mas já passei do tempo de doar meu tempo, preciso me sustentar e é um absurdo não ser um um direito de todos o vale transporte. Por que os malditos pobres são sempre privilegiados?
Foda né? Por um lado, isso faz com que, uma vez tendo experimentado o conforto, não conseguimos voltar a achar razoável o que antes era bom. Quais são as necessidades básicas de alguém? O que precisamos para viver bem? Se tivermos uma experiência muito boa, nossa vida será uma merda dalí em diante?
Segue o comentário do Contardo Calligaris sobre um dos meus filmes preferidos, talvez não tenha nada a ver com o resto da postagem:
"o que ficará desse filme nos sonhos dos espectadores eventualmente seduzidos será a seguinte mensagem: para não se perder no consumismo ornamental que nos aliena, os homens devem se reunir entre eles, encher a cara reciprocamente de porradas e, enfim, salpicar a cidade de bombas"
E lá se vão Arnaldões reféns de children´s fast food´s fries. Será esse o destino fatal de todos? Será ele assim tão fatal?
8 comentários:
Falar mais "foda-ses" é um caminho...
Esqueci de dizer que adorei a expressão "reféns de children´s fast food´s fries".
Cê tá com medo do quê, Rubens?
Tenho medo de virar um cara gordo, careca e baixinho, como disse o Domeck. Tenho medo de estar trabalhando para pagar minhas cervejas agora, mas que daqui a pouco será para poder ter tv a cabo e speedy e sobrar um dinheirinho praquéla luminária linda que super combina com o tapeta da sala...
E eu tenho guardado o meu dinheiro para a cerveja e para sapatos... nem sobra para pagar um correio-elegante, que deveria ter sido assim:
Você pode ficar careca e gordo... mas baixinho é pouco provável.
O problema é experimentar o intenso amor e depois ficar em relações "meia-boca". Isso é realmente foda. "Where is the love?" (James).
Lindo, provável ficar careca e gordinho, mas perder esses olhinhos de menino pidão não vai perder não, e são neles que está seu charme... e duvido que se torne alguém com necessidade de uma "luminária linda que super combina com o tapete da sala"... nada a ver com vc...
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