tag:blogger.com,1999:blog-97838652024-03-07T21:24:09.927-03:00Espaço para que a escrita não definheUnknownnoreply@blogger.comBlogger477125tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-71029351310946216652010-09-24T23:11:00.002-03:002010-09-24T23:19:02.339-03:00o colecionador de mundosEssa luta não é sua! Acha que pode mudar de lado com essa facilidade? O que você fez, fez apenas por vaidade. Ao que Burton sahib respondeu-lhe: Vocês só pensam em categorias grosseiras, amigo e inimigo, nosso e deles, preto e branco. Não conseguem imaginar que possa existir algo intermediário? Quando assumo a identidade de outra pessoa, posso sentir como é ser essa pessoa. Isso é o que você imagina, retrucou o mestre. O disfarce não lhe dá acesso à alma. Não, claro que não. Mas me dá acesso, sim, aos sentimentos, porque eles são determinados pelo modo como os outros reagem a essa pessoa, e isso eu posso sentir. Burton sahid quase suplicava, de tanto que queria acreditar na verdade de suas palavras. Mas o mestre não teve piedade. Você pode se disfarçar, mas jamais saberá o que é ser um de nós. Sempre vai poder despir o disfarce, terá sempre esse último recurso. Nós, porém, somos prisioneiros da nossa pele. Jejuar não é o mesmo que morrer de fome.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-86112607224386373892010-09-14T21:45:00.004-03:002010-10-03T22:04:23.952-03:00Vivência comunitáriaUma experiência maravilhosa era o forte sentimento comunitário (mesmo sendo a discriminação invertida por conta da origem social, o outro lado da moeda). <br /><br />Vários dos trabalhadores eram moradores do bairro, estavam lá por mais de 10 anos, alguns tinham até passado como educandos nos projetos educacionais para depois serem educadores. <br /><br />Uma identificação com a proposta de trabalho, o reconhecimento da liderança do padre, o conhecimento na região e das pessoas que passam por problemas por ali. As propostas de intervenção surgiam das necessidades sentidas nas vidas de quem as propunha, não da conclusão de algum especialista<br /><br />No projeto de liberdade assistida para adolescentes, por exemplo, vários dos educadores eram vizinhos, amigos das mães. Com isso sabiam onde eles moravam, com quem andavam, como eram. Ou pelo menos conheciam seus amigos: os meninos do bairro. Isso certamente possibilitava uma abordagem mais precisa e humana de cada situação...Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-52048232678427568462010-09-14T17:55:00.004-03:002010-10-03T22:01:57.273-03:00Clark KentFilho de médicos, sem necessidades financeiras, colégio de elite, faculdade de elite, branco. Piadas, brincadeiras, anedotas. <br />Outros psis tinham passado por ali antes de mim para recolher material de pesquisa para suas monografias de especializaçao, muito "éticos". Tinha os que evitavam comer da mesma comida ou sentar na mesma sala,quando achavam que algo havia sumido olhavam para os colegas que depois me receberam.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-48342166912599587332010-09-14T17:48:00.004-03:002010-10-03T21:41:52.123-03:00Primeiras conversasSempre me acho o máximo em entrevistas de emprego. No que dependesse da minha chefe eu nao servia. Cara de tonto, burguês. Nao aguentaria nem um mês. O que eu estava fazendo ali? Pergunta dela. Pergunta minha? A supervisora do serviço me bancou, inicio de uma prazerosa parceria. O dono da entidade disparou em carregado sotaque gringo "Vila Mariana? Tem um orçamento 10 vezes maior que o daqui e nem metade da populaçao". O que eu estava fazendo ali?Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-21378246972757117652010-09-14T17:44:00.005-03:002010-10-03T21:31:04.294-03:00A primeira idaUm amigo da faculdade, uma indicaçao. Um bairro no extremo sul. Fui de carro. Uma infinita linha reta, sensaçao persistente de se perder. Três faixas, ônibus e vans me cercando com sua fuligem preta e claustrofóbica. Como pode tanta gente viver aqui? Como é possivel que eu nunca tenha por aqui estado? Montanhas de tijolo à vista, vielas. Vidros fechados.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-78225188059898033312010-09-14T17:40:00.003-03:002010-10-03T21:28:44.471-03:00Construindo o que sobrou do que passouDepois de quase 2 anos e de intensas e pouco refletidas experiências, queria apenas colocar tudo no fundo do baú. As lembranças, entretanto, me cobram um pouco mais de dignidade. Uma cremaçao honrosa.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-40767258639263028552010-04-07T11:06:00.001-03:002010-04-07T11:08:39.927-03:00Obama encontra finalmente o seu ritmo de governo na presidênciaDer Spiegel<br /><br />Barack Obama desceu do seu pedestal e começou a governar com uma mistura de idealismo e pragmatismo. Os Estados Unidos perderam um pregador, mas o que não falta nesse país amargamente dividido são pregadores. Finalmente, 14 meses após a posse de Obama, os Estados Unidos contam com o presidente reformista do qual o país necessita. <br /><br />Passados 14 meses desde a posse de Obama, os norte-americanos finalmente têm um presidente. Eles perderam Santo Barack, o pregador mundial.<br /><br />A ascensão dele foi ofuscante, e isso era parte do problema. Essa ascensão foi tão irreal quanto a chegada de um salvador. Foi uma ingenuidade, mas Obama fez uma campanha eleitoral ingênua: nós podemos mudar, eu darei a vocês um governo que cura.<br /><br />Essa abordagem logo fracassou, porque o mundo real jamais é ingênuo.<br /><br />Agora a esquerda nos Estados Unidos diz que Obama traiu não só os ideais dela, mas os do próprio presidente, afirmam que ele cedeu demais e foi muito brando, acusam-no de ser um professor na Casa Branca, um homem impotente, um Jimmy Carter negro. Já a direita vocifera que ele traiu os princípios norte-americanos e o vê como um comunista e um esbanjador do dinheiro do contribuinte. Isso o enfraqueceu. O governo israelense está se preparando para ignorar o presidente problemático até que os norte-americanos escolham um outro candidato para ocupar a presidência. O presidente afegão Hamid Karzai permite que o seu convidado de honra – o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad – fale mal dos Estados Unidos enquanto soldados norte-americanos protegem Cabul. Mas isso também provavelmente passará: o mundo real não é uma caricatura.<br /><br />Estas são as semanas do retorno de Obama. Após a sua aparição e crucificação, nós estamos presenciando um processo de secularização. A Casa Branca está se reajustando e encontrando o seu equilíbrio. A reforma do sistema de saúde, finalmente aprovada, deverá fornecer cobertura a 32 milhões de cidadãos e representa uma vitória de Obama sobre o establishment de Washington que há anos é marcado pela paralisia congressual.<br /><br />Obama deu continuidade a sua tendência a preencher cargos importantes por decreto presidencial. A seguir houve o avanço nas negociações para desarmamento com a Rússia, e depois disso ele seguiu para o Afeganistão. O que estamos presenciando é um início atrasado de ação por parte do presidente. <br /><br />Um país agressivo e dividido<br /><br />Todo mundo sabe que existem dois Estados Unidos. Franklin Delano Roosevelt era detestado por milhões de pessoas, Kennedy era odiado pela direita, Nixon pela esquerda, Clinton pela direita, Bush pela esquerda. Os Estados Unidos são um país agressivo. Às vezes isso faz dele um país dinâmico, outras vezes um país destrutivo.<br /><br />As diferenças entre norte-americanos e europeus são maiores do que muitos europeus pensam. Para os norte-americanos conservadores, o consenso europeu de que um governo forte tem que ajudar os fracos é um ataque à liberdade. Para a direita norte-americana, “solidariedade” e “social” são palavras do vocabulário de provocadores.<br /><br />Obama tentou modificar esse clima fazendo pregações sobre dever e responsabilidade, e obteve o resultado oposto: paranoia. Teorias conspiratórias e exageros pairavam sobre as entrevistas televisivas do presidente. E além disso houve o movimento Tea Party, e todas as advertências quanto a imigrantes, moradores das grandes cidades, intelectuais, pesquisadores do clima, ativistas da campanha contra armas, políticos, mulheres e negros – em suma, tudo o que ameaçaria os valores norte-americanos básicos.<br /><br />Os Estados Unidos são um país complicado que passa por uma onda de mudança demográfica que o tornará ainda mais complicado. Nas próximas eleições, os Estados Unidos branco ver-se-á praticamente impossibilitado de vencer os negros e os imigrantes hispânicos caso esses dois blocos juntem forças. A classe média branca teme essa mudança e está nervosa. Senadores são alvos de cusparadas, Sarah Palin aconselha os cidadãos a “recarregarem”, as milícias se armam. O jornal “The New York Times” falou de uma “imitação em pequena escala da Noite dos Cristais”.<br /><br />A profundeza do abismo não tem precedentes, e também é sem precedentes o fato de a direita estadunidense não ver mais Obama como o seu presidente. “Esse sujeito negro é o seu presidente” - sentenças desse tipo são uma novidade.<br /><br />É claro que é possível governar em tal clima, mas não será um percurso suave. Um dos maiores erros de Obama foi acreditar na sua visão messiânica de uma presidência que transcenderia as linhas partidárias. Agora ele está governando com paixão, estrategicamente e com cabeça fria.<br /><br />A democracia não exige harmonia, ela não exige sequer consenso. Tudo o que ela necessita é de uma maioria. Obama desceu do seu pedestal e ao que parece pretende seguir implementando reformas nos quase três anos de presidência que ainda tem pela frente. Um governo meio à esquerda, com um pouco de idealismo e uma dose de pragmatismo, se necessário.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-82605322310402030282010-03-20T11:14:00.003-03:002010-03-20T11:22:18.727-03:00Ética do sobrevivente e a desterritorializaçãoA questão contemporânea já não é a de cada um habitar uma casa própria, faltando a todos uma morada coletiva. O que se passa é que cada um está disperso entre três casas e integralmente não habita nenhuma<br />Não se trata de falta de condições de confiança intersubjetiva<br />A confiança que falta é a de cada um em relação a si mesmo, em relação à própria existência e continuidade, à própria capacidade de assumir uma história e fazer promessas<br />Assumir uma história pessoal, mesmo que sujeita a revisões permanentes e fazer promessas, mesmo que renegociáveis, implica em estabelecer com o “si-passado e com o futuro-si” uma relação de confiança. Eu só prometo e me comprometo quando posso minimamente confiar na minha capacidade de continuar “eu mesmo” no futuro. A ética do sobrevivente do mínimo eu, ao contrário, é totalmente avessa a promessas e muito resistente a qualquer territorialização<br />Um maciço investimento de si no “si mesmo” (sem passado nem futuro), um investimento concentrado e excludente, parece, então, ser a condição indispensável à sobrevivência física e psíquica do individuo. Já não lhe parece bastar uma casa fixa que o abrigue e defenda, por mais singular que seja, mas precisa de um casulo que ele, sem solo e verdadeira morada, possa carregar nas costas<br />No filme “O turista acidental”, no monologo inicial o personagem expõe sua filosofia de vida: Em uma viagem, como na vida, carregue uma bagagem mínima e bem empacotada, evite problemas e estranhos, esqueça de sua não-pertinência aos lugares, esteja preparado para tudo – para um súbito funeral, por exemplo – mas não se deixe tocar por nada; não se exponha a nenhuma perda.<br />A ética do sobrevivente é a que leva mais longe o caráter mortífero da contemporaneidade, convertendo o desligamento e desenraizamento impostos aos que transitam por não-lugares, em desenraizamento e desligamento desejados<br /><br />FIGUEIREDO, L. C. “Ética, saúde e práticas alternativas”, in FIGUEIREDO, L. C. (1995) Revisitando as Psicologias: da epistemologia à Ética nas Práticas e Discursos Psicológicos .SP: EDUC; Petrópolis; VozesUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-12355808265155881902010-02-04T11:32:00.001-02:002010-02-04T11:32:48.599-02:00Darfur is dying03/02/2010<br /><br />Um game sobre o genocídio em Darfur<br />A idéia é tão genial quanto polêmica. Pode uma tragédia humana servir de matéria-prima para o entretenimento?<br /><br />“Darfur is dying” (Darfur está morrendo) é um game que usa o genocídio na região localizada no oeste do Sudão como mote. <br /><br />Este é o link: www.darfurisdying.com<br /><br />O jogador escolhe entre oito pessoas (seis crianças, uma mulher e um homem) para desempenhar várias tarefas. A principal delas é buscar água, que será usada para o cultivo de vegetais e fabricação de tijolos.<br /><br />Mas no meio do caminho há os temíveis “janjaweed”, ou as milícias armadas pelo governo sudanês que são as responsáveis por grande parte da matança contra etnias locais. Desde que Darfur virou sinônimo de holocausto, em 2003, calcula-se que 300 mil pessoas tenham sido mortas e outras 2 milhões expulsas de suas casas. A situação é descrita por agências humanitárias como a maior catástrofe em vigor hoje no planeta. O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, foi indiciado por crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional.<br /><br />Não sou grande especialista em games, apesar de jogar um Mario Bros. de vez em quando, mas “Darfur is dying” parece bem caprichado. Os gráficos são bons, e a dificuldade é razoável. Leva tempo até pegar a manha de coletar água no poço, desviando dos jipes com os janjaweed (eu, pelo menos, demorei). De vez em quando, soa um alerta: vem aí um ataque generalizado, e o pânico se espalha na pequena vila que seve de cenário.<br /><br />Nenhum detalhe sórdido é poupado do jogador. “Amina”, uma personagem do jogo, foi procurar seu filho após um ataque e achou apenas sua cabeça decepada. “Melna”, mãe de dez filhos, perdeu sete deles após uma investida dos genocidas. E por aí vai.<br /><br />A idéia é de um grupo de estudantes da Universidade do Sul da Califórnia, com apoio da Reebok Human Rights Foundation (uma ONG norte-americana) e do International Crisis Group (um dos mais importantes centros de pensamento do mundo). Pedem, no site, que espalhem “de forma viral” o joguinho para que as pessoas se familiarizem com a situação em Darfur. Há também links para mandar mensagens diretamente ao presidente Barack Obama.<br /><br />E é moralmente condenável o que eles fizeram? Eu não vejo problema, ainda mais num mercado que tem títulos inspirados em outros fatos da história (como a Segunda Guerra Mundial e a do Vietnã). Mas gostaria de ouvir outras opiniões. Crises internacionais são guerras de propaganda. Ganha quem tiver a opinião pública a seu lado. <br /><br />Para mim, o que os criadores de “Darfur is dying” fizeram foi encontrar uma maneira criativa de colocar um problema distante na escrivaninha de pessoas que jamais teriam contato com essa importante questão...<br /><br />Escrito por Fábio ZaniniUnknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-4056403966489190602009-11-07T20:22:00.000-02:002009-11-07T20:23:52.684-02:00Estudante do minivestido é expulsa de universidadeGeyse Arruda, 20, foi excluída do quadro de alunos da Uniban, universidade privada de São Bernardo do Campo (SP).<br /><br /> <br /><br />Sindicância da instituição responsabilizou a aluna pelo tumulto ocorrido no campus, na noite de 22 de outubro.<br /><br /> <br /><br />Geyse ganhara fama nacional graças ao registro da confusão em vídeo. Pendurada na web, a peça tornara-se um hit.<br /><br /> <br /><br />Corpo recoberto por um minivestido vermelho, pernas à mostra, a aluna tivera de deixar a universidade, sob xingamentos, escoltada por policiais.<br /><br /> <br /><br />A explusão foi decidida em reunião realizada na madrugada deste sábado (7). Concluiu-se que Geyse “procovou” os colegas.<br /><br /> <br /><br />Alegou-se que era usual que ela comparecesse às aulas com roupas curtas e decotes generosos.<br /><br /> <br /><br />Ouça-se o assistente jurídico da Uniban, Décio Leonci Machado: A aluna “sempre gostou de provocar os meninos”.<br /><br /> <br /><br />Como assim? “O problema não era a roupa, mas a forma de se portar, de falar, de cruzar a perna, de caminhar”.<br /><br />No dia da algaravia, disse o advogado da universidade, Geyse teria subido deliberadamente seu microvestido com as mãos.<br /><br /> <br /><br />Segundo o assessor jurídico, o gesto possibilitou “a quem vinha atrás” enxergar as “partes íntimas” da moça.<br /><br /> <br /><br />De resto, disse Décio Machado, Geyse teria entrado numa sala que não era a dela, interrompendo a aula pelo meio. Tudo porque um rapaz desejava conhecê-la.<br /><br /> <br /><br />Ao tomar conhecimento da decisão, Geyse reagiu com espanto: <br /><br /> <br /><br />“Como me expulsaram? Que absurdo! Eu fui a vítima, quase fui estuprada, como puderam fazer isso?” Ela rebateu as acusações:<br /><br /> <br /><br />“Eu estava segurando uma bolsa enorme na mão e um fichário na outra, como conseguiria levantar o vestido? Entrei na outra sala porque fui chamada”.<br /><br /> <br /><br />Afora a expulsão de Geyse, nenhuma outra providência foi adotada. Os colegas que a hostilizaram saíram incólumes da sindicância.<br /><br /> <br /><br />A universidade só teve olhos para o par de pernas. No mais, fez ouvidos moucos para os uivos e impropérios da legião de bocas desabridas.<br /><br /> <br /><br />Aluna com vestido curto não pode. Estudantes com comportamento de talibãs são admitidos. A decisão ainda vai dar muito pano para a barra.<br /><br /><br />Do <a href="http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br">blog</a> do Josias de SouzaUnknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-32660666577983344792009-11-06T23:40:00.003-02:002009-11-07T01:04:23.734-02:00Psicologia Social em poesiaViolência que machuca o humilhado nunca é meramente a dor de um individuo, porque a dor nele é dor velha, já dividida entre esse e seus irmãos de destino. Os ataques, quanto mais nos chegam de fora e de muito antes, tanto mais nos vão paradoxalmente atacar de dentro e agora. Distantes e antigos, ficaram mais ou menos sem sentidos, embora imbuídos de uma energia difícil de conter: machucam muito, corrosivamente. Acertam antes mesmo que se pudesse atinar com seu sentido, antes que se pudesse julgar o motivo do golpe e seu ponto de partida. A dor sempre precede o seu reconhecimento mais consciente, mais ainda a dor de longa duração, coletivamente padecida. O humilhado não sabe bem porque chora e nunca chora apenas por si próprio, chora a dor enigmática e chora a dor somada.<br /><br /><br /><br />Vou rondando experiências minhas e experiências dos outros. Minha experiência não corresponde com a do outro. Tampouco a que suponho imaginando-me em lugar alheio, repete a experiência de quem está lá. Encontro e desencontro do que dizemos e ouvimos, do que testemunhamos e do que imaginamos em nome dos outros: isso se chama conversar e faz julgar um tanto mais certeiramente as experiências compartilhadas.<br /><br />Humilhação social: Humilhação Social: Jose Moura Gonçalves FilhoUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-55504580903429271732009-10-02T13:47:00.000-03:002009-10-02T13:55:59.470-03:00Cafajestagem<p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><b><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 15pt; mso-font-kerning: 18.0pt">MODOS DE MACHO - O cafajeste tem de ser um doce cafajeste</span></b><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt"><?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt">Por Xico Sá<o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt">(BR Press) - O cafajeste ou é um doce cafajeste, um cafajeste lírico, poético, romântico, decente... Ou é muito risível. Não há outra saída para este animal. Ou tem a manha ou torna-se caricato na primeira piscadela.<o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt">Ou é um dublê do Peréio ou apenas um ensaio de Didi Mocó Sonrisal. Didi é gênio, ora, mas é macaco de outro galho. O cafajeste amador é piada. Quer traçar todas e a nenhuma se devota. Blefe. Não sabe, nem nunca procurou saber, que, no amor e no sexo, não existe mensalão nem milagre. <o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt">O cafa poético não é nada óbvio. Sabe, inclusive, que nem só de bonitonas e gostosas vive o homem. É capaz de devotar-se àquela mulher que ninguém dá nada por ela. E, de repente, descobre que se trata de um sexo sem precedentes, um vulcão nunca dantes despertado para as artes da alcova.<o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt">O cafa amador parece vestir-se sob encomenda de um personal stylist: falsa malandragem, cafuçu de araque. E sempre com um pé no metrossexualismo ou na tendência. No cafa romântico qualquer peça lhe cai bem, a ciência da pegada está no olho e no drinque caubói, por supuesto. <o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt">O doce cafajeste entra no saloon e não atira para todo lado. Não gasta balas à toa. Sempre escolhe um alvo. O caricato desfalca o colt até com as mulheres dos amigos, embora não tenha arma para matar sequer uma formiga a caminho da roça. <o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt"><br /><b>Falso e romântico</b><o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt">O falso cafa é só garganta. Transando ou não, diz que transou, fez e aconteceu, e ainda espalha a lenda urbana. Seu caminhãozinho não perde a viagem... Mas areia que é bom, necas. <o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt">O cafajeste romântico é discreto. Acredita sobretudo, e caso a caso, na arte da conquista, na devoção pura e simples. Nem que seja por uma noite apenas e nada mais. Diante dele, toda mulher se sente uma bonequinha de luxo. O canalha amador faz falsas promessas. O cafa romântico, evoluído, sabe que a fêmea moderna pode muito bem estar querendo... apenas sexo. <o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt">O cafa caricato se acha. O doce cafa sabe que hoje está por cima e amanhã pode muito bem estar por baixo - mas que seja, pelo menos, de uma bela cria da nossa costela, claro, no bafo. <o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt">No catecismo do cafa romântico, não há nojinhos nem proibições - ele se sujava todo chupando manga na infância e hoje sabe, por causa dessa pedagogia, como o sexo oral é uma arte.<o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt">O amador é asséptico e limpinho, corre sempre para o chuveiro depois da transa.<o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt"><br />O cafa amoroso, amigo, se pudesse, voltava para o útero por dentro da mulher mais linda da cidade, como na crônica do amor louco do velho safado Bukowsky. <o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 12pt; mso-margin-top-alt: auto" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Arial; FONT-SIZE: 10pt">O amador se contenta, muitas vezes, com um sexozinho virtual no Messenger. Sem cheiros, sem odores... Ele ainda não sabe que para curar um amor platônico é preciso uma trepada homérica, como diria o poeta Eduardo Kac, gênio de Copacabana, da bioarte e seus arredores<o:p></o:p></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-10002540635631827842009-08-31T23:44:00.000-03:002009-08-31T21:45:40.560-03:00Diário Viagem Argentina e Chile 2005<span style="font-family:trebuchet ms;font-size:130%;">Nao sei porque ainda estava com isso por aqui. Vou compartilhar, caso alguém ainda leia este blog...</span><br /><br />E como gran finale o diário inteiro da Viagem pra Argentina e Chile de 2005. Achei que tinha a ver com o momento... Agora faltam ainda o diário da vivência do MST e uns textos soltos por uns cadernos soltos pra completar as obras. Esses textos são em grande medida quase textos, pouco desenvolvidos, idéias soltas, personagens. Mas dificilmente alguém terá paciência de ler...<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Roteiro Provisório 1<br /><br />19/07 Saída para Foz<br />20/07 Chegada em Foz, Saída para Santa Fé<br />21/07 Chegada em Santa Fé, Saída para Mendoza<br />22/07 Chegada em Mendoza, Saída para Santiago<br />23/07 Santiago<br />24/07 Santiago e Viña<br />25/07 Viña e Valparaíso<br />26/07 Viña e Valparaíso, Saída para Mendoza<br />27/07 Chegada em Mendoza, Saída para Córdoba<br />28/07 Chegada em Córdoba, Saída para Buenos Aires<br />29/07 Chegada em Buenos Aires<br />30/07 Buenos Aires<br />31/07 Buenos Aires<br />01/08 Buenos Aires, Saída para e Chegada em Montevidéo (barco)<br />02/08 Montevidéo, Saída para Floripa<br />03/08 Chegada em Floripa, Saída para São Paulo<br />04/08 FIM<br /><br />Frases e Cenas e Brindes<br /><br />Seu último compromisso antes de poder se dedicar e entrar de cabeça e sumir.<br /><br />Era um desprezo contido e silencioso, travestido de simpatia<br /><br />Só é possível se conhecer bem quando se conhece pouco. O tempo escasso é o que permite convicções e afirmações absolutas sobre qualquer coisa. Quanto mais se conhece, mais inseguras e imprecisas ficam nossas informações<br /><br />Geladeira no quarto e maquina de lavar na pia da cozinha<br /><br />Faz frio. Um senhor no bar, atendendo. Sempre que a porta é aberta, para o que está fazendo, como se se concentrando ou de tanto insistir o olhar quem abriu ou a porta por si voltasse ao lugar, bloqueando o ar e a passagem. O cliente espera para continuar o pedido.<br /><br />Te lo meto por arriba<br />Te lo meto por abajo<br />Te lo meto pelo centro<br />E adentro<br /><br />Nunca sobre ti<br />Nunca bajo tuyo<br />Sempre ao lado tuyo<br />Amigo mio<br /><br /><br />Dia 20<br /><br />Chegamos em Foz. Decidimos fazer a viagem sem pernoites. Várias viagens, várias cidades. Hotel só em Buenos Aires (vide roteiro). Não sei se agüentaremos. Chegamos às 6 da matina, ótima idéia mesmo, tudo fechado. No ônibus para Foz, fronteira com Paraguai todo mundo se conhecia. Nem com o comentário que só a gente no ônibus estava fazendo turismo e com as outras pessoas sendo espalhafatosas como sacoleiros eu entendi. É bom ser ingênuo. Restam agora dúvidas: ir para o lado argentino, comprar passagem lá, ver as cataratas daqui, deixar as mochilas na rodoviária, sei lá. Dúvidas cruéis de quem não tem mais com o que se preocupar. Férias. Boas conversas tidas e prometidas. Tempo para se relacionar com as pessoas...<br /><br />Uma mulher de 20 anos com quatro filhos. Ainda não tinha tudo o que queria como fogão, geladeira ou comida para a semana, mas tinha o que precisava: Uma tv, um celular, um sonho e muita determinação. Ligou para Ana Maria Braga, conseguiu falar, conseguiu jogar. Curiosamente, trocou o aparelho de DVD e o Grill que ganhara no quis por 1500 reais. Com 600 comprou a casa em que morava (por 20 reais ao mês) e ganhou da Globo uma tv colorida. Da apresentadora, uma cama de casal nova para toda a família (a que os 6 dormiam anteriormente já não estava mais em condições).<br />Estabelecendo prioridades e sabendo o que é essencial (como tv e celular) tudo é possível. Somos do tamanho de nossos sonhos. Sorte nossa possuirmos uma rede de televisão generosa e consciente de seu papel, divulgando tais exemplos.<br /><br />Dia 21<br /><br />Estamos cercados de argentinos mal humorados se espremendo no corredor, em pé, no ônibus para uma viagem que, pelo que se espera, vai durar 20 horas. O ar condicionado já não dá mais conta, esquenta. Devem ser 15 ou 20 felizardos, não vejo todos, o ônibus tem dois andares. Parece pau de arara essa viagem de 90 paus.<br />Trambiqueiros! Nossa passagem era duplicada, foi um rolo, sentamos em um lugar pior. “Mais adiante vocês trocam de lugar”. Era a única empresa que tinha para hoje Santa Fé, nas outras só dali a três dias. Coincidência não? Pelo menos estamos sentados e os argentinos mal humorados podem ser vistos como curiosidade ou bizarrice da viagem. Não somos nós. Outra curiosidade é que chove lama na janela. Não conseguiria explicar.<br />Já tivemos que mudar de planos mas nem tanto. Pernoitamos em Puerto Iguazú (lado argentino de Foz), mudamos de país três vezes para ver as cataratas do lado brasileiro, tomei um litro de Quilmes, a cerveja preferida dos argentinos e comi empanadas a um peso, que são uma espécie de salgado misturado com pastel. Procuramos baladas em vão.<br />Quase cancelamos a viagem por uma dormência parcial de boca causada por inchaço que lembrava uma picada e acarretava mal humor. Mas foi só o susto.<br />São 19 os excedentes, embalados agora por um choro de criança. Contei porque tiveram que descer na batida policial.<br />O policial me mandou calçar a bota. Devo ter feito cara de quem não entendeu porra nenhuma e depois de ouvi-lo repetir com todos os sinônimos possíveis ainda completei: Agora? Si, Ahora! Será que teria de descer? Decidi me fazer de desentendido ainda mais, ele seguiu conferindo documentos e malas cheias de pertences pessoais e presentes. Deveria ter discursado sobre a falta de sentido de algumas regras, sobre o abuso de autoridade. De que adiantaria falar sobre o excesso de pessoas como ele em certas profissões como polícia e serviço público para uma pessoa como ele? Só mais uma revolta silenciosa para arquivar na pagininha da Internet. Qual a mudança produzida em policiais ou leitores?<br /><br />No momento existe uma única lâmpada acesa, justamente sobre a minha cabeça. Como se a realidade estivesse especialmente irônica, brincando de metáforas. Como se estivesse prestes a escrever algo genial. Sabemos que não será muito mais do que isso que agora apresento, apesar dos sonhos e pretensões. Rubem Alves diz que a emoção procura a inteligência porque deseja ser eficaz para realizar o sonho. Quem sabe...<br /><br />Dia 22<br /><br />Santa Fé... Diz a Luana que deve ser uma cidade muito religiosa. Não sei se os nomes continuam tão ligados aos seus significados.<br />No ônibus perdemos o dia inteiro mas estavam inclusos almoço lanche e janta. Estilo avião. Cabe imaginar a qualidade, lembrando que era ônibus e era de trambiqueiro. Com o passar da viagem ônibus ia se transformando com água e soda se agarrando aos restos e sapatos pelo chão.<br />Pelo menos vimos um filme sobre o espírito natalino com Bem Affleck. Um publicitário rico decide alugar a família que está morando na casa em que viveu a infância por 250.000 dólares. Ele os obriga a atuarem como sua família. O pai compra um carro, a mãe faz um ensaio fotográfico sexy e ambos recuperam a auto estima e o amor pela vida e um pelo outro. Ele obriga a irmã a sair para esquiar, tomam um tombo, quase se beijam, mas interrompem quando ela espirra na cara dele. Ele contrata então várias pessoas para fazerem uma surpresa para ela, mas ela acha um absurdo, como se ele tivesse querendo comprá-la e sai, puta da vida. Volta para pedir desculpas, afinal, tinha exagerado na reação. Isso bem no momento que a namorada chega para conhecer a suposta família. A menina, como irmã, começa a detonar a namorada de forma bem baixo nível, fazendo com que ele se apaixone e decida ficar com ela (a irmã). Muito bonito o filme, vale a pena pela mensagem de natal.<br /><br />Chegamos aqui 4:30. Estamos tomando caféem um lugar estranho que se pretende refinado com porções de proporções francesas, mas artificial, industrializado. Estou sentado de frente para um grupo tomando cerveja. Às 5:20.<br />A garçonete é quase bonita. Ou já foi. Alta, descuidada, piercing, cabelo com luzes, polchete. Queria perguntar se ela gosta de Santa Fé. Chama a atenção, mas é desinteressante, caída, sem chama. Tem entre 18 e 30 anos. A cidade fez isso com ela? A profissão? Isso o que? Talvez seja casada com o dono do café. Perguntei se chamava cuchara, ela devolveu a pergunta. Colher. A palavra caiu, aplacando seu interesse muito contido ou falso.<br /><br />Esperamos amanhecer para conhecer essa cidade sem grandes promessas. Uma cidade de meio de caminho. É, na verdade, a única que pode nos surpreender.<br /><br />Discussão entre Rubens, de mãos molhadas no frio congelante, e o guardinha d'el baño, detentor d'el papel<br />(traduzido para portunhol para facilitar a compreensão).<br />-Que quieres?<br />-Papel<br />-Quieres contribuir?<br />-No tengo<br />-Si no hay contribuición, no hay papel.<br />Me senti na Paulista conversando com um Hare Khrishna<br /><br />Passamos por uma senhora na frente de uma igreja que nos olhou como se estivéssemos profanando. Pensei logo que na verdade idealizamos e sacralizamos tudo em nossa volta através dos olhos do estranhamento, de quem não está imerso no cotidiano que nos cega para as pequenas belezas e descobertas. Não é nada disso. Invadimos espaços alheios regidos por leis que nos são invisíveis, violamos seus gestos e silêncios e exclamações como se fossem, suas vidas e casas e ruas, souvenires à nossa disposição, em exposição para o sempre curto tempo de estadia. Museus de cera e maquetes a serem comentados, apalpados.<br /><br />Dia 23<br /><br />Passamos mais uma hora conectados a internet. Aproveitando a viagem para continuar ligados ao mundo do mesmo jeito que em São Paulo. Distante e virtualmente. Passamos por outra fronteira e o maior controle que se fazia era com relação à frutas. Um puta esquema de segurança. Cópia dos EUA, o maior problema do Chile é com maçãs e bananas.<br /><br />Cada vez mais longe de casa, tivemos já algumas discussões e caras feias mútuas. De se esperar. Quem não discute nem discorda deve ter algum problema muito sério...<br /><br />Por mais longe que se vá (alguém disse não me recordo quem), sempre se está consigo. Não há como fugir disso. Estamos em dois com vários momentos de silêncio e de ensimesmamento. Queremos fugir de elementos que estão muito presentes, que nos são. Temos paisagens e filmes de ônibus e internet para tentar aliviar um pouco. Um tentando divagar para escapar ao próprio tédio, outro tentando descrever para ordenar, planejar o próximo, escapar a toda confusão...<br /><br />Completamos 72 horas sem banho. Até eu que não sou o mais limpinho do mundo já começava a ficar apreensivo. Muita gente faz ou fazia isso. É estranho. Muito tempo sem olhar para o próprio corpo.<br /><br />Absolutamente sem idéias no momento. Depois preciso fazer um levantamento de quantas palavras se repetiram e quantas vezes...<br /><br />Rever amigos, ver neve, experimentar tacos, desistir da balada porque não agüenta e deitar na cama de ciroulas para amanhã pular da cama. Deprê...<br /><br />Santiago me lembrou São Paulo. Ficar atento a todo momento para não te passarem a perna. Não é passeio, é conhecer para ir embora.<br /><br />Dia 24<br /><br />Notas curtas de um rapaz com sono:<br />Acordar com a luz do sol, aos poucos, e os bocejos produzirem a famosa fumacinha<br />Pablo Neruda: casa linda e história sensacional de alguém com muita grana. Assim é fácil ser comunista.<br />Cidade muito desigual e nitidamente dividida, entre pobres ao sul, classe média no centro, ricos ao norte e muito ricos mais ao norte. Diferença de limpeza, iluminação, qualidade do asfalto, etc<br />Comidas diferentes, Paila Marina (sopa) e Ceviche (peixe cozido no limão). Possibilidade de provarmos qualquer coisa diferente durante a viagem. Outras formas de ver, comer, ser. Ninguém nos conhece, não precisamos nos repetir para provarmos ser nós mesmos.<br />Qualquer casal se encostando está me deixando louco (como o do metrô). Necessidades biológicas básicas não satisfeitas.<br /><br />Dia 25<br /><br />Por aqui, o escândalo da mídia da vez é de uma televisiva cuja amiga declarou que era amante. Estão explorando por todos os meios e um deles era uma rádio propondo a discussão: a orientação sexual no Chile é algo que pode ser abertamente discutido? Entre opiniões de ouvintes distantes e próximos achando que era um retrocesso, acabei lembrando de alguns amigos e conversas nacionais e me dei conta que isso não é feito em grandes escalas no Brasil. Ou quando é, se evolui para considerações que, eu diria, são mais ponderadas. Foi outro exemplo do poder da mídia, ainda não me acostumei. A menina propôs e a discussão se desenvolveu al tiro como dizem por aqui, bem na minha frente, todos ligando...<br /><br />Roteiro Provisório 2<br /><br />19/07 Saída para Foz<br />20/07 Chegada em Foz<br />21/07 Saída de Foz<br />22/07 Chegada em Santa Fé, Saída para Mendoza<br />23/07 Chegada em Mendoza, Saída para Santiago, Chegada em Santiago<br />24/07 Santiago<br />25/07 Santiago e Viña<br />26/07 Viña e Valparaíso,<br />27/07 Saída para Mendoza, Chegada em Mendoza<br />28/07 Saída para Buenos Aires<br />29/07 Chegada em Buenos Aires<br />30/07 Buenos Aires<br />31/07 Buenos Aires<br />01/08 Buenos Aires, Saída para Montevidéu e Chegada em Montevidéo (barco)<br />02/08 Saída para Floripa<br />03/08 Chegada em Floripa, Saída para São Paulo<br />04/08 FIM<br /><br />Então, quando parecia que nada mais fazia sentido em nossa vida e que o sistema bancário só existia para nos fuder, chegamos no Chile. Afinal de contas eles têm o primeiro banco que nos quer feliz e a Psicologia nos garante encontrar a paz interior. Muito melhor que no Brasil. Pelo menos é o que dizem os anúncios. Teremos que mudar para Santiago.<br /><br />É pela diferença que formamos nossa identidade. Isso diz alguém da Esquizoanálise e faz realmente muito sentido. É no encontro com aquilo que nos é estranho que sabemos o que somos. Alegre ou lamentavelmente. Para que tenhamos segurança com aquilo que somos ou para que caiamos na incerteza. Aliás, o nosso ser e como o percebemos está indissociado do nosso estado, ser e estar. Nos possibilita maior mobilidade e mesmo as características mais arraigadas são estados nos quais nos quais nos encontramos e portanto, não nos são eternos nem absolutos. Constituição do ser em estados mais ou menos duradouros...<br />Estamos em viagem, em trânsito, podendo comparar português e espanhol, guardas e motoristas de ônibus brasileiros e chilenos, experimentar bebidas e frutas, modos de ver e de se expressar, o que nos é próprio, o que gostaríamos, o que não somo. Para meus amigos que mostram a cidade há um exercício de lhes descobrir o que é característico e o que é banal, ordinário. Resgate nos automatismos do cotidiano daquilo que, para quem visita, salta aos olhos<br /><br />Quero fazer um diário de viagem para minha vida em São Paulo...<br /><br />Novamente a única luz acesa em todo o ônibus está sobre a minha cabeça de modo que, quanto mais confortável eu me ajeito, mais claro e incômodo fica meu campo de visão. Estou me sentindo em um filme de Woody Allen. Se fosse uma peça de teatro, seria meu o foco e como todos estão dormindo, falaria em alta voz o que estou pensando. Mas não consigo pensar em nada. Em nada. Só na necessidade de pensar em algo.<br />Será que perdi minha deixa?<br /><br />Algumas crianças bagunçam e se divertem e choram enquanto vários adultos tentam descansar. Mais cedo ou mais tarde aprenderão a ficar quietas. Paradas e caladas esperando a viagem chegar ao fim.<br /><br />Dia 26<br /><br />Caminho Pacífico<br /><br />Lá estava o pequeno Wilbor* pela primeira vez. Descortinava-se à sua frente como se fosse intransponível. Seu corpo como que tomado por ondas de ansiedade. Excitação e temor. Tirou, à princípio, fotos de longe, precavido, como era de seu feitio (ao menos ultimamente). Pisou, por fim, no solo incerto e instável. Os sons, ritmados e sedutores, o envolviam e aproximavam. Resistia e se afastava para novamente encurtar a distância em cambaleantes passos de tango (não estivesse ele no Chile). Queria tocar, estava confiante. Prestes a, no meio do fôlego, foi engolido. Risadas e flashes. Pegadinha? Saiu encharcado.<br />*O nome foi trocado para preservar a identidade do narrador<br /><br />Descrição do companheiro de viagem<br />Por: Companheira de viagem<br />Primeira Parte depois de muita insistência<br /><br />Para a Alemanha eu queria ir, mas acabei encontrando um menino que sonhava muito, sonhava em ir pra Machu Picchu. Quem diria que realmente acabaria com ele no meio dos Andes, brincando de guerra de bola de neve.<br />Verdade que ele quase não chega a tempo para viajar. Atraso de 5 minutos não é atraso, diria ele.<br />Menino sapeca e sorridente. Gosta de fazer as pessoas sorrirem e tem talento para isso. Um pouco desligado, o que é bom em alguns momentos, me divertindo com a sua demora para notar que nossos companheiros no ônibus são sacoleiros e podendo me tirar do sério às vezes, como quando esqueceu o número de onde iríamos ficar no Chile em São Paulo.<br />Toma o banho mais longo do mundo, mas tira fotos legais e sabe usar o manual da máquina (não que tomar banho tenha a ver com tirar fotos boas).<br />Diz que sou reclamona, mas vive reclamando das minhas reclamações. Tira sarro quando esqueço o nome das comidas, mas no fim me diz qual o nome certo.<br />Temo por ele. A maldição da viagem diz que ele ainda vai ser atropelado já que, como disse ele por aqui, às vezes ele é meio desligado.<br />Mas me protege dos buracos que insistem em me perseguir.<br />Menino de conversas boas, já está até aprendendo a fazer trocadilhos, ele não é muito bom em piadas ruins.<br />Discordamos sempre das estatísticas sobre o Brasil. Mas parece ter mais sorte nas apostas...<br />Parece que continuamos nos dando bem, mesmo nessa convivência ostensiva, mesmo nos conhecendo a menos de 1 ano (incrível como faz pouco tempo...)<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Dia 27<br /><br />Os sonhos se constroem a mão e sem pedir permissão<br /><br />Os esquimós têm dezenas de palavras para descrever o que para nós é simplesmente branco. Sua sensibilidade é apurada para as formas que neve e gelo podem assumir. Ao contrário dos trogloditas sem coração e sem reconhecimento artístico que, aposto, vão encher o saco pelas dezenas e dezenas de fotos que tiramos na neve.<br /><br />Ontem tive câimbra no maxilar.<br />Deve ser Lesão por Esforços Repetitivos...<br /><br />Lingüiça, salsicha, alguma cebola, um pouco de ovo, carne por cima de uma montanha de batatas fritas. Uma verdadeira revolução na cozinha contemporânea. 20 reais, quatro pessoas satisfeitas e felizes.<br /><br />Dia 28<br /><br />São exatamente seis horas da manhã. Estamos acordados, banho tomado, quarto em ordem, à espera de um passeio que pode não existir, ansiosos, achando que seriam sete, como o relógio com fuso desatualizado dizia.<br />Álvaro e Muchy foram excelentes anfitriões, ficaram mais do que nos ciceroneando, ficaram nos pajeando. Quase mimando. Solícitos, bem humorados, disponíveis, animados. Excelentes guias, do nosso lado o tempo inteiro nos levando pra cima e pra baixo das ladeiras de Valparaíso, mistura de Olindo com a Sicília. É diferente, prático, inusitado andar com pessoas que moram na cidade. Sempre pontos turísticos não oficiais. Empanadas macentas no parque, fotos queima-filme nas baladas, biscoitos da vovó com Everest Sul Americano de fundo, todo mundo junto no escorregador de pedra escondido ao lado do elevador panorâmico, aulas sobre investimentos públicos em bairros ricos e pobres de Santiago em um passeio de carro, ajuda na composição em Português do violeiro que parou e veio pedir, alguns amigos de copo (como era de se esperar) de uma noite, novela chilena. Genial, sensacional, eu diria. Levo um brinde, Pisco e muitas fotos.<br /><br />Nunca sobre ti,<br />nunca abajo tuyo,<br />sempre al lado tuyo<br />amigo mio.<br /><br />Talvez estejamos prestes a ter que decidir entre um passeio de um dia pelos Andes e um de barco pelo rio Prata até Montevidéu...<br /><br />Estou com medo dos meus amigos porque se eles são tão legais é porque, na verdade, estão escondendo algo muito ruim, tentando compensar o que, apodrecido, insiste em exalar. É assim que é, os egoístas são simplesmente pessoas mais conscientes da própria condição. Viva a Psicanálise, ícone do iluminismo pós-moderno, mostrando caminhos nesse mundo incerto, revelando a hipocrisia fundante de toda bondade humana e anulando-a. Quem é que nunca ouviu: “Você só ajuda os outros porque te faz bem, te satisfaz, te realiza pessoalmente”? Seria possível inverter a frase? “Você só pensa em você, só é egoísta para satisfazer seus conhecidos, os outros, a sociedade que tanto valoriza o individualismo, o egoísmo, o self-made man”? (aliás self-made man, outro ícone que nos acompanha e nos constitui...)<br /><br /><br /><br />Dia 29<br /><br />Estamos sempre chegando, conhecendo, saindo. O suficiente para ser marcado e tocado. Algo de especial, muitas fotos. Nada que dure para que se repita ou se arraste em monotonia. Sempre em passagem, sempre caminhando. Serão cinco dias em Buenos Aires.<br /><br />Pensamentos interrompidos por conversa ora em Portunhol, ora em Inglês de uma pessoa que depois se revela francesa. Momentos fascinantes.<br /><br />Nessa porcaria de diarinho, como se fosse um grande pensador, a partir de acontecimentos insignificantes, refletir, compreender, tirar lições e verdades sobre as essências por detrás das coisas. Sou mesmo muito bom e sensível. Sorte de quem lê.<br /><br />Tento falar, penso, construo as frases, mas elas saem trincadas, incompreensíveis, não cumprem sua função. Confundo sons e línguas e sentidos na possível incomunicação previsível.<br /><br />Numa vigem é possível que se escolha quais serão as sensações. Improvisada em barracas, conhecendo gente em albergues, exibindo cultura em lugares históricos, natureza em hotéis fazenda, compras no Paraguai, em um quarto confortável em um hotel caro, pacotes turísticos dos mais variados. Assim, a viagem vai se fazendo, no inesperado, no imprevisto (que é o previsto nas viagens improvisadas). No "não era bem isso", para além do "é mais bonito que eu esperava". Rupturas no concreto de onde brotam os musgos de chuvas e chuvas e chuvas inférteis.<br /><br />General San Martin. Militar e religioso, que combinação estranha... Lutou pela indepedência da Argentina, Chile e Uruguai, ganha após vários confrontos com espanhóis. Depois, o que era a República do Prata (ou algo assim...) se dividiu nos três países. Seguem períodos de turbulência, golpes de Estado, presidentes que renunciam. Como na maioria dos países latino-americanos. Por aqui ficamos independentes com o filho do imperador da Metrópole, sem grandes surpresas, povo ordeiro, festeiro, receptivo. Sem guerra, sem sofrimento, deu-se um jeito quando foi necessário. A partir daquele momento foi-nos dada a independência. O nosso mártir era um coitado, traído, de um movimento aristocrático sem grande relevância do qual era o mais pé-rapado: Nosso herói. Algum outro? Saci? Macunaíma???<br /><br />Dia 30<br /><br /><br />O pequeno Yamamoto nasce em uma pequena cidade numa província rural do Japão do início do século. Filho de camponeses, destino traçado, pai, cujo único momento de convívio e sorriso era o anterior à ceia. Religiosamente sintonizava, no rádio conseguido à duras penas, Mozart e Bach. O menino odiava. Atraiam-no as grandes cidades, visitadas de tempos em tempos, as novas tendências. Um som particularmente intenso e sensual era o elegido para as escassas horas de lazer que dispunha então.<br /><br /><br />Saiu de casa, teve filhos, envelheceu, teve tempo. Cultivava sua paixão, ordenado e dedicado. Aprendeu a escrever, conseguiu se aposentar. Aprendeu os significados de traduções que lhe faziam e a falar um pouco de espanhol, dramaticamente. Conheceu as histórias e os principais sucessos. O que cruzava o Pacífico lhe caía às mãos. De forma tímida e demorada, economizou para realizar um sonho. Sem conseguir se fazer entender, sem conseguir se comunicar, o senhor Yamamoto, com seu primeiro terno novo e sem conhecer ninguém, comprou passagens, reservou hotel. Saiu à noite, cheirando água de colônia, com ingressos no bolso, pelas ruas de Buenos Aires.<br /><br />Dia 31<br /><br />Sala escura, janela aberta. O gato se aproxima para ouvir o som da rua e permanece. Então, volta.<br /><br />Os argentinos não lavam as mãos depois de usar o banheiro. Eis um problema: Seria um hábito cultural, ou nos lugares que eu fui é que isso acontece com frequência? Ou ainda, não aconteceria o mesmo no Brasil e eu é que não me dou conta? Só é possível afirmar sobre aquilo que conhecemos muito pouco. Quanto mais se conhece, menores as certezas. Só é possível se sentir próximo do que se está distante.<br /><br /><br /><br />Carregadores de mudança são personagens fantásticos, devem ter várias histórias ótimas...<br /><br /><br /><br />Cama adentro. Idéia simples, bom filme, como diria o Gaúcho: Bom para o que se propõe. Relação entre patroa e empregada doméstica que foi para além da financeira (óbvio, já que foram 28 anos) e desdobramentos quando o dinheiro acaba...<br /><br />Dia 1º. De Agosto de 2005. Buenos Aires<br /><br />Querido diário<br />Por aqui tudo ótimo! Estou curtindo muito a viagem! A Lu é super gente fina e companheira. A gente se dá super bem. Que bom, né? Já pensou se fosse uma chata?<br />Estamos em um passeio de barco, quase madrugamos e estamos morrendo de sono. Vai ser nosso terceiro país em duas semanas! Pena que está acabando L<br />Bom, agora deixa eu ir lá pra aproveitar muitão os últimos dias antes das aulas<br /><br />San Telmo foi muito interessante apesar de ter presenciado seus três filhos. Um no colo enquanto ela pedia dinheiro, os outros dois eram obrigados a tocar sanfona e sorrir e pedir contribuições. O instrumento preso entre as mãos. Uma menina que devia ter uns 6 anos e um menino que não devia ter nem 3.<br />Tirando essa parte mais trash, muitos artistas de rua e antiguidades. Violões, shows de tango, teatro, homens estátua, fantoches e uma velhinha tocando uma mini bateria, entre outros. Será possível viver de arte? Será desejável?<br />La Boca, por sua vez, é diferente. Lá tinha até umas coisas mais interessantes na feira, mas soava artificial demais. São duas ruas no meio de um bairro pobre, montes de cortiços. Arte não combina com pobreza? É por isso a impressão de artificialismo? Como se o bairro não tivesse uma “vocação” para arte.<br /><br />Viajar, conhecer outras culturas, outras formas de ver o mundo, de ouvir música, de ir ao banheiro. Outras árvores, pores de sol, comidas. Comemos chorillanas, choripan (pão com lingüiça) ceviche (peixe cozido no limão) pailla marina (caldo com frutos do mar) empanadas (espécie de salgado), tacos com carne e abacate (essa é mexicana). Experimentamos alfajores, refrigerante de pomelo, bife de chorizo. Sábado, comemos no Burguer King. Isso, para mim, seria o equivalente a chutar a santa para o religioso ou dizer que Freud era incompetente para um psicanalista ou dizer que Friends é sem graça. Enfim, uma heresia. Politicamente muito incorreto. A comida mais cara da viagem. Fiquei me sentindo culpado, deprimido, o que eu havia feito, meu deus??? Aí me lembraram que o politicamente incorreto é bom, a contradição e tudo mais. Deu uma aliviada. Burger King como desterritorialização da esquerdinha uspiana, a subversão no fast food.<br /><br />A viagem durou o tempo de um suspiro. O tempo voa quando a gente se diverte...<br /><br />Lembrar da história do coronel com mulher e criança na praia e da bulímica na ceia de natal.<br /><br />Passamos por Colônia fazendo turismo de tiozão. Sem andar, comendo a cada parada, dormindo onde desse para encostar, conhecendo só o script do city tour. Mesmo assim, bem legal. Justifica o nome de Paraty uruguaia.<br /><br />Dia 2<br /><br />Pelo tempo de um suspiro vivemos muitas coisas, compartilhamos muitas coisas. Começamos uma viagem e acabamos fazendo outra completamente diferente, nem dá pra comparar uma com a outra. Nos jogamos na estrada em uma seqüência de cidades desconhecidas.<br />Muda aqui; troca o começo com o fim; fica mais um dia; passa, não fica; novos sabores e sabores (re)conhecidos.<br />Sabemos muito mais um do outro, o que não gostamos um no outro, o que gostamos. Sabemos que conseguimos conviver dias a fio sem problemas, ou melhor, resolvendo os problemas. Um ótimo convívio.<br />Rimos juntos, ficamos em silêncio juntos. Traí você na neve, você me traiu no cemitério. Estamos quites.<br />Dias de fartura, dias que esquecemos de almoçar. Eu te dou meu chá (tê) e você divide o suco comigo; você não gosta de janela e eu não gosto do corredor, mas ainda assim você troca de lugar comigo para eu ver o filme (ruim, talvez).<br />Um bom companheiro no frio de Santa Fé, na neve de Mendoza, no calor surpreendente de Santiago, nas noites de Valparaíso, no tango em Buenos Aires, no pôr-do-sol (que não era bem pôr-do-sol) em Colônia e mais comumente uma boa companhia nas horas e horas de estrada.<br />A viagem chega ao fim, mas não ficamos sem perspectiva. Nossa amizade foi saboreada com direito até de neve. Muitas viagens virão, pra mim, pra você e por que não, pra gente. Mas um pouco vamos levar desses quinze dias latinos.<br />Impressionante o quanto cabe no tempo de um suspiro!<br /><br />Um beijo, um abraço<br />Sempre ao lado tuyo<br />Amigo mio<br />Com carinho<br />Luana<br /><br />Dia 03<br /><br />Ontem fomos fazer compras pela cidade. O dinheiro tinha acabado, o cartão dava problema, resolvemos não aceitar os sinais divinos e, contra tudo e contra todos, saímos pela cidade acumulando recordações e mais recordações. Tudo o que o nosso (escasso) dinheiro pôde permitir em emoções futuras. Chocolates, meias e livros, basicamente. Pela rua, várias sacolas cada um, como pelas ensolaradas alamedas de Miami.<br /><br />Amostra do humor de ótima qualidade durante a viagem; baseado em slogans com trocadilhos:<br />Por faflor (pedindo favor pra Luana Flor)<br />Desnível, um restaurante de nível (sobre o restaurante desnível)<br />Maraviña (sugestão de slogan para a cidade de Viña del Mar no Chile)<br /><br />Conforme o tempo da viagem para São Paulo vai passando vão ficando distante as lembranças das férias gostosas na Argentina e no Chile e se aproximando as lembranças das pendências e obrigações que nos aguardam em casa. Meio deprimido de voltar para a realidade.<br />Está aí uma coisa pela qual ganharia dinheiro: Para viajar. Passar um tempo acumulando para depois gastar. Tem outras coisas com as quais quero gastar meu dinheiro. Outros sonhos obtidos com a moeda de troca. Como as viagens são. Você vai ficando velho conforme vai desistindo de fazer as coisas de outra maneira. Mais e mais entendendo a lógica e entrando nela e desistindo de mudá-la. Coisas ficando mais e mais naturais.<br />Talvez devesse largar tudo e viajar e ir ganhando dinheiro conforme fosse precisando. Certamente não é esse o sentido da minha vida. Talvez, mesmo assim, deva fazer por um tempo. Não sei se conseguiria. Vamos nos enredando de tal forma em obrigações que muitas vezes não fazem sentido, mas prosseguimos, é o que temos que fazer. Isso é amadurecer, ter responsabilidades. O lado ruim do esforço para obter mariores satisfações? Quais seriam elas? Dinheiro?<br />Deveria ter escolhido uma carreira melhor remunerada para me divertir e ser feliz aos finais de semana.<br /><br />As pessoas não tem o costume de pensar sobre as coisas que fazem e muito menos de falar sobre o que pensam. Passivos, levando e levando a vida para onde o vento sopra.<br /><br />Criar uma comunidade no orkut da blogterapia com as seguintes regras:<br />- Ter um blog.<br />- Entender a importância e necessidade de comentários para efetividade do espaço.<br />- Freqüentar e comentar pelo menos outros dois participantes do movimento<br /><br /><br />Um rapaz fazia câmbio informal na fronteira entre Brasil e Argentina. Por ótimos preços com a conivência das “autoridades” entrava nos ônibus que iam em direção a terras brasileiras com gigantescos maços de dinheiro, oferecendo reais por pesos.<br />Uma senhora. Devia ter mais de 50. Daquelas que se maquiam exageradamente para parecer de espírito jovem, com roupas extravagantes e reluzentes. Em um albergue da juventude fazia sua base para compra de roupas hippies/indianas que revendia em sua lojinha em alguma cidade desconhecida do interior.<br /><br />Nosso corpo é um espaço sensual, ou seja, de sensações. Negligenciamos a maioria dos estímulos que chegam até nós e brincamos muito pouco com as possibilidades que poderiam ser criadas, inventadas. Novamente, somos receptáculos vazios. Existe uma parte especialmente esquecida, as possíveis modificações endógenas que estão ao nosso alcance provocar por meio de: Remédios, álcool, drogas, café, chocolate, carne, frituras, exercícios físicos, formas de respirar e transar. Qualquer mudança desencadeia uma série de reestruturações hormonais, de humor e de percepção. Tanto tirar quanto acrescentar, mudar de forma ou de intensidade. Por que não experimentar?<br /><br />"Vivemos pelo poder das coisas que não existem"<br />ValeryUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-17585246712843755872009-08-31T21:31:00.000-03:002009-08-31T21:36:27.118-03:00Poesia desengonçada (do fundo do baú)Ali estavam<br />passeando dedos<br />trêmulos<br />por copos suados<br />de cerveja,<br />acariciando.<br /><br />Ali estavam:<br />as escolhas<br />que nao tinham feito,<br />as caricias<br />que nao trocariam,<br />a confiança<br />que nao compartilhariam<br /><br />Todo o desejo<br />de tocarem-se<br />corpos suados<br />dedos trêmulos<br />e toda a certeza de que nao adiantariaUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-13152134308286859662009-08-31T18:56:00.000-03:002009-08-31T21:37:48.110-03:00Infidelidade e opiniao pública - Um artigo meia boca sobre um tema interessante (tb do fundo do baú)A infidelidade, uma obsessão americana<br /><br />Pascal Bruckner*<br /><br />Quando o novo governador democrata de Nova York, David Patterson, sucedeu a Eliot Spitzer, o ex-intocável que se revelou culpado de ter freqüentado garotas de programa, qual foi a primeira iniciativa que ele tomou? Ele convocou os meios de comunicação e confessou ter traído a sua mulher em várias oportunidades com colegas de escritório.<br /><br />A sua mulher, por sua vez, reconheceu ter "pulado a cerca" algumas vezes e jurou que o seu marido e ela já tinham superado essas provas. Isso causou estupor no cidadão europeu que ainda não se esqueceu do espantoso escândalo Lewinsky: em vez de apresentar o seu programa político, eis um oficial que promove um ato de arrependimento, por temer que os seus tropeços conjugais sejam revelados publicamente um dia desses. Resumindo, a primeira potência mundial, que está no processo de perder a guerra no Iraque e no Afeganistão, que reabilitou a tortura e que elegeu para dirigi-la, duas vezes seguidas, um dos chefes de Estado mais incompetentes deste período, está concentrando as suas atenções em miseráveis histórias de relações sexuais!<br /><br />Qual fato está acontecendo, capaz de fazer com que a imprensa inteira, dos jornais de sarjeta até o muito sério "The New York Times", se apodere deste assunto privado e comente a respeito ao infinito? Vale recordar aqui os vexames proporcionados pelo ex-governador democrata Eliot Spitzer: um cruzado na luta contra a corrupção financeira, um campeão no combate contra a prostituição, ele mesmo freqüentava uma morena estonteante de 22 anos, Ashley Youmans, também conhecida como Kristen, de quem ele pagava os serviços entre US$ 1.000 e US$ 5.000 (entre R$ 1.700 e R$ 8.500), obtidos, segundo dizem, dos seus fundos de campanha eleitoral.<br /><br />Aqui, mais uma vez, tudo isso aparece como perfeitamente normal para um velho europeu acostumado com os impulsos repentinos inerentes à natureza humana: tal como o capitão Haddock, presidindo em avançado estado de embriaguez uma reunião contra o alcoolismo, os apóstolos do pudor, nos Estados Unidos, inimigos do vício, do feminismo e da liberdade dos costumes, acabam caindo invariavelmente nos braços de prostitutas, com as narinas entupidas de cocaína; e são sempre surpreendidos em flagrante. Todo moralista acaba tropeçando nos próprios pés algum dia, para cair no abismo que ele denuncia: a própria Igreja católica, que preconiza a castidade e não hesita a expor os homossexuais à condenação pública, não está encobrindo, pelo mundo afora, os atos de milhares de padres pedófilos que estupram e abusam de crianças?<br /><br />Aqui vai uma primeira lição da velha Europa: desconfiar a priori de todo discurso virtuoso. Eros se vinga dos seus censores e acena com um formidável gesto obsceno para o puritanismo ambiente. Além disso, o que pensar ainda dessas associações americanas de terapia familiar, que explicam que "as reações de uma esposa traída se parecem com os sintomas do stress pós-traumático das vítimas de eventos traumatizantes", como os atentados de 11 de setembro de 2001? O que dizer desses seminários para maridos infiéis que são reeducados da mesma maneira que dissidentes do ex-império soviético?<br /><br />Para um europeu, o fato de confundir um desregramento amoroso com uma catástrofe coletiva constitui uma comparação escandalosa. Diante disso, só resta recomendar de maneira encarecida aos americanos para que eles tomem com o Velho Mundo lições de civilização: deste lado do Atlântico, conforme testemunham o cinema, a literatura, o teatro, todo mundo trai e é traído, e todos sobrevivem muito bem à inconstância do seu cônjuge. A verdadeira fidelidade revela ser mil vezes mais exigente do que uma estrita abstinência física, e caso o amor for forte, ele superará esses episódios.<br /><br />Melhor ainda: o adultério, entre os europeus, tornou-se praticamente um objeto de veneração, simbolizando o protesto da criatura oprimida contra a convenção matrimonial. Desde o defensor do socialismo utópico Charles Fourier (1772-1837), que estabeleceu, no início do século 19, uma "Hiérarchie du cocuage" (obra de Fourier que pode ser traduzido, grosso modo, como "Hierarquia da 'corneação'". No Brasil, ganhou o título de "Guia dos Cornudos", editado pela Insular) hilariante que ridiculariza todos os "cornudos", até autores como Labiche, Feydeau, Guitry, que fazem rir com as infelicidades dos cônjuges espezinhados, as infrações ao contrato de casamento constituem um sem número de ocasiões para se divertir.<br /><br />Ainda mais modernos, Sartre e Simone de Beauvoir não haviam estabelecido uma distinção entre amores contingentes e amores necessários para autorizarem a si próprios aventuras com outros parceiros, os quais eles trocavam entre si quando a oportunidade se apresentava? No plano dos costumes, a Europa é infinitamente mais sábia do que o Novo Mundo, com a sua horrorosa obsessão pela transparência. Até mesmo num casamento de amor, a monogamia estrita constitui um ideal desumano, e mais vale aprender a lidar com as fraquezas humanas do que tentar contê-las a todo custo, ao preço de dramas inúteis.<br /><br />O filósofo, matemático e político britânico Bertrand Russell, em 1929, no seu ensaio sobre "O Casamento e a Moral", preconizava uma solução à francesa: uma grande tolerância para com caprichos adúlteros, tanto por parte do homem quanto da mulher, contanto que eles não interfiram em nada na vida do casal e não atrapalhem a educação das crianças. Resumindo, a quietude conjugal acomoda-se perfeitamente com pequenos acertos entre cônjuges, os quais são emblemáticos de uma sociedade refinada.<br /><br />Contudo, se o analisarmos mais detalhadamente, o episódio Spitzer-Kristen nos oferece outros ensinamentos. O que está sendo sancionado em relação ao ex-governador de Nova York? A hipocrisia de um homem que jurava solenemente acabar de uma vez por todas com o tráfico de seres humanos, ao passo que ele freqüentava The Emperor Club, uma rede de prostitutas de luxo dirigida por um proxeneta notório. Portanto, é um tartufo, um hipócrita de marca maior que é derrubado, mas é a garota de programa que acede a uma notoriedade surpreendente: lá está ela, de repente, galgando orgulhosamente os degraus que a levam até os píncaros da glória, assediada com ofertas de filmes, de fotos de charme, de publicidades para produtos de beleza, de lingerie fina. Duas músicas que ela grava e vende num site musical lhe rendem US$ 200.000 (cerca de R$ 340.000) em poucos dias.<br /><br />Será puritana a sociedade que pune o pregador e recompensa a pecadora, fazendo dela uma estrela instantânea? A sociedade que aponta o vício no representante da ordem moral e a candura numa "pretty woman" de Nova Jersey? É possível se perguntar se a obsessão pela infidelidade do outro lado do Atlântico não resulta do caráter artificial do contrato social americano, este pacto que foi inaugurado em 1787 entre homens de todas as condições, raças, origens, religiões. O casamento livremente consentido e complementado pelo divórcio possível torna-se então o espelho, o microcosmo deste juramento fundador da nação.<br /><br />Quando vasculhamos as transgressões com tanta minúcia, é para melhor verificar a norma: ao se mostrar desleal no amor conjugal, o cônjuge infiel não estaria questionando esta aliança fundamental que une todos os americanos? Se a pequena pátria que constitui a família vacila por conta dos caprichos dos cônjuges, o que será da grande pátria, em caso de perigo? Lá onde a Europa, composta por nações antigas, ricas de tradições, dá mostras de certa desenvoltura, os Estados Unidos manifestam rigidez e intransigência: quando o mais fundamental de todos os laços, o do casal, é colocado em dificuldade, é o próprio futuro do país que pode estar comprometido. Uma nação recém criada, a América exorciza através das infrações conjugais dos seus dirigentes a sua própria fragilidade. Os interesses que estão em jogo são apenas superficialmente de ordem moral: eles são antes políticos.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-9899452943739493542009-08-14T13:31:00.002-03:002009-08-14T13:34:58.774-03:00De roupa preta,com bandeiras do Brasil<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNBJacIuhoyDaxoXwkg7DewlqdGQy-VamgsyKikGH6WSzsZgWvN6CWeKxgdc49vaGeps4aDu6MTjSGsPkOYw7qLjep4wx-R-2lg3s-m5_qkbJ6LbvNuOFoZTzsxJ9IkCdRlS2K/s1600-h/panfleto.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 230px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5369858275135727986" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNBJacIuhoyDaxoXwkg7DewlqdGQy-VamgsyKikGH6WSzsZgWvN6CWeKxgdc49vaGeps4aDu6MTjSGsPkOYw7qLjep4wx-R-2lg3s-m5_qkbJ6LbvNuOFoZTzsxJ9IkCdRlS2K/s320/panfleto.jpg" /></a>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-54664348537130216232009-08-08T11:07:00.005-03:002009-08-09T05:01:58.709-03:00Qual o sentido da vida?Estava vasculhando a bagunça desse quarto e acabei encontrando um troço interessante. Foi feito por mim, pela Carol, pelo Ronaldinho e pelo Caio.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-family:verdana;">5 coisas que você gosta </span><br /><span style="font-family:verdana;"></span><br /><span style="font-family:verdana;">5 coisas que você tem vergonha </span><br /><span style="font-family:verdana;"></span><br /><span style="font-family:verdana;">5 coisas que você sabe fazer bem </span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">5 coisas que você tem medo </span><br /><span style="font-family:verdana;"></span><br /><span style="font-family:verdana;">5 coisas que os outros acham que você é, mas que você não é </span><br /><span style="font-family:verdana;"></span><br /><span style="font-family:verdana;">5 coisas que os outros gostam em você </span><br /><span style="font-family:verdana;"></span><br /><span style="font-family:verdana;">5 coisas que você inveja nos outros </span><br /><span style="font-family:verdana;"></span><br /><span style="font-family:verdana;">5 coisas que você quer </span><br /><span style="font-family:verdana;"></span><br /><span style="font-family:verdana;">Por que você faz ou fez Psicologia (originalmente é isso, pode ser mudada para outro curso ou trabalho)?</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">P</span><span style="font-family:verdana;">orque você gasta seu tempo do modo como você está gastando?</span><br /><span style="font-family:verdana;"></span><br /><span style="font-family:verdana;">Porque você ganha(ria) dinheiro? </span><br /><span style="font-family:verdana;"></span><br /><span style="font-family:verdana;">Porque você vive?</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><span >Alguém se anima a responder?</span> </span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-63659365428833976172009-07-30T20:18:00.000-03:002009-07-30T20:20:16.232-03:00ViniciusDe repente do riso fez-se o pranto<br />Silencioso e branco como a bruma<br />E das bocas unidas fez-se a espuma<br />E das mãos espalmadas fez-se o espanto.<br />De repente da calma fez-se o vento<br />Que dos olhos desfez a última chama<br />E da paixão fez-se o pressentimento<br />E do momento imóvel fez-se o drama.<br /><br />De repente, não mais que de repente<br />Fez-se de triste o que se fez amante<br />E de sozinho o que se fez contente.<br /><br />Fez-se do amigo próximo o distante<br />Fez-se da vida uma aventura errante<br />De repente, não mais que de repente.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-74017803411476799042009-07-24T10:42:00.001-03:002009-07-24T10:45:56.840-03:00Simon pede para Lula 'fechar a boca' no caso SarneyO senador Pedro Simon (PMDB-RS) seguiu seu colega Cristovam Buarque (PDT-DF) e atacou ontem a insistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em desmerecer as investigações da Polícia Federal (PF) e em defender o senador José Sarney (PMDB-AP). Simon afirmou que Lula está sendo "infeliz" nos comentários e pediu para que o presidente "feche a boca e pare de falar". "Feche a boca, Lula", disse Simon. "Ele (Lula) está sendo infeliz porque entrou numa situação que não precisaria ter entrado da maneira que está entrando."<br /><br /><p>Simon lembrou que foi a operação Boi Barrica, da PF, que obteve as gravações autorizadas pela Justiça, divulgadas pelo <b>Estado</b>, nas quais Sarney e seu filho Fernando Sarney tratam de nomeações para cargos de confiança de parentes e até de um namorado da neta. Simon disse considerar "infeliz" a intervenção de Lula por dois motivos: primeiro porque ao tomar partido de Sarney ele ignora a autonomia do Senado na busca de solução para seus problemas; segundo, porque avalia que o apoio a quem foi investigado pela PF desmerece o trabalho do órgão. </p><p>Simon e Cristovam estão convencidos de que a resistência de Sarney em permanecer no comando do Senado se deve ao apoio do presidente. É ele, na avaliação de Cristovam, a "base mais sólida da sua continuação na cargo, além da teimosia dele (Sarney) e da blindagem que o PT e seus aliados estão fazendo". "Lula vem cometendo um grave erro porque, como presidente, ele é um educador e o que ele diz a população ouve", afirmou o pedetista. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo</b>.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-55931560020320161712009-07-04T13:48:00.001-03:002009-07-04T13:58:32.938-03:00TristezaIsso porque o PT nem tinha dado pra trás ainda<br /><br /><br />02/07/2009<br /><br />PT na vanguarda do atraso<br />Clovis Róssi, hoje na Folha de S. Paulo, faz o relato mais preciso do drama do PT: querer manter a pose de defensor dos pobres e oprimidos ao mesmo tempo em que ajuda a pior canalha da História da República a se perpetuar no poder.<br /><br />..::..<br /><br />PARIS - Indecente. Pusilânime. Vergonhoso. Que mais se pode acrescentar a respeito do comportamento do PT no episódio José Sarney? Xingar a mãe, não posso. É proibido pela etiqueta desta página. Mas seria o correto.<br /><br />Não vou nem lembrar o passado combativo do partido e de seu líder, Aloizio Mercadante, em episódios anteriores à chegada ao governo federal. Esse passado já foi sepultado faz tempo.<br /><br />Ajuda-memória: pelo episódio do mensalão, o procurador-geral da República, nomeado pelo presidente de honra do PT, um certo Luiz Inácio Lula da Silva, acusou a cúpula petista de formar uma "quadrilha". O Supremo Tribunal Federal, com o voto de ministros também indicados por Lula, decidiu haver indícios suficientes para aceitar a acusação e proceder ao julgamento, aliás em curso.<br /><br />Fica claro que o passado de supostos campeões da moralidade pública está morto e bem enterrado. Mas o presente podia ao menos guardar um mínimo de coragem, de vergonha na cara. Podia, por exemplo, defender Sarney pura e simplesmente, fosse qual fosse o argumento ou pretexto a utilizar: necessidade de não tumultuar o cenário político, falta de elementos concretos para afastar o presidente do Senado -enfim, qualquer dessas desculpas que os políticos se habituaram a usar para serem coniventes com trambiques.<br /><br />O que não cabia é deixar de apoiar Sarney mas apenas por 30 dias, que foi o prazo dado pelo partido para o afastamento do presidente do Senado. Tampouco cabia sugerir uma comissão para uma reforma administrativa da Casa, sem menção a punições pelas irregularidades já descobertas e já confessadas. Se algumas são legais, nem por isso deixam de ser todas vergonhosas, muito vergonhosas. O PT fechou enfim um círculo: passa de suposta vanguarda das massas à cúmplice do atraso.<br /><br /><a href="mailto:crossi@uol.com.br">crossi@uol.com.br</a>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-84462001937020082252009-07-02T20:35:00.002-03:002009-07-02T21:04:49.038-03:00Murano<img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 213px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5354015105839139586" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikZ9kgC9ll5tNzfB4HTMHiFZWSu3c2YYcTL5WicWbQnOaHWrxn72gUFP90NdCxk8wwSJbNwHLWOjRFKkeU7ZLbjf-DODfNAuu4DDxO3GDCr5_pjjUTSAX3nMXcOdkP03_jGaKF/s320/DSC_0689a.jpg" /><br /><div><div><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmGQUm_V9mCm2M3IBfWKu505G3ReqUGDNB0jCTaAe7URAyHqLFtzATx7nOv1psz3eppQbZrSzUL-uTfycfx9UaYTwax5sbvoh9h9YjkCPUkyGkZDEunt8sAldqc_wTznXWUlIC/s1600-h/DSC_0734a.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 213px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5354015111943092434" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmGQUm_V9mCm2M3IBfWKu505G3ReqUGDNB0jCTaAe7URAyHqLFtzATx7nOv1psz3eppQbZrSzUL-uTfycfx9UaYTwax5sbvoh9h9YjkCPUkyGkZDEunt8sAldqc_wTznXWUlIC/s320/DSC_0734a.jpg" /></a> <img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 213px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5354015115835479074" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD7UbZOwLCon1DUPCaLsJR43PhnBEBtzdcu7G9uosYtMOei4sn_3zUzG4X-FDH96b-UrFPI7LnK7qlMY6MA0xBKN3ZHVtedJEb1EHhl_SUm4Yeux6a7Zyu04JzfHFlTrSpdoUj/s320/DSC_0732a.jpg" /><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 213px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5354015125802900930" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiw_6nYhgzpIe8dBUc52AhGl4SmRANuzbXY1X85ULOZ0rMptjnjz64Ybq4-BGy84fwm-oJATZrX7Y-DibtxNhSmdH6a0Q36OBpm3ZHC_WkSLkmvAY5vzdLoTwGuX7Ey72C6AK8j/s320/DSC_0725a.jpg" /><br /><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 214px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5354015126986795298" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitocUv4Wh9IN8yJDkKAmsRyfvyvszas5sLEkI6DhpblFGFd7yRD9ZNqBLQxeThcGiMV_oYw9ek-Ft00xFtFCWyFWFW5YoSEFuJmvNfHkZzjrWKVX5GnLl5yLAdH1gUY-AVWsNW/s320/DSC_0733a.jpg" /><br /><br /><br /><div><br /><br /><br /><br /><br /><div></div></div></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-16670251222983822262009-05-16T11:11:00.003-03:002009-05-16T11:44:46.816-03:00Ocupar a cidadeQuase silenciosamente, <a href="http://www.andredouek.blogspot.com/">André Douek</a> vem tentando ocupar a cidade.<br />Sao Paulo, uma megalópole violenta, caótica, hostil, feia. Onde as pessoas ou ficam em casa ou saem diretamente para seus lugares de trabalho e diversao, evitando a rua, o centro, a aglomeraçao, o inesperado.<br />Será que é isso? Será só isso?<br />Quais outras possibilidades de compreensao de Sao Paulo? Como podemos ocupar nossos espaços públicos?<br />A proposta dele é fotografando, vendo, sentindo. E a justaposiçao dessas experiências vai compondo um mosaico de possibilidades, direcionando olhares, criando.<br /><br />As saídas ocorrem uma vez por mês, sao gratuitas, e juntam cada vez mais gente.<br />Vejam a proposta da última, nas suas próprias palavras<br /><br /><span style="font-family:verdana;">"São Paulo é uma cidade em que as pessoas vivem acuadas, trancadas em suas casas, seus carros, seus condomínios, protegidas por grades. A rua tornou-se um espaço não de convivência, mas de ameaça, de medo. A Virada Cultural é um momento único em que a cidade toma as ruas, expulsa os carros e os medos. Viramos um gigantesco boulevard.<br /><br />Reside aí o ângulo da Jornada Fotográfica que, dessa vez, terá como foco a Virada Cultural. A proposta não é registrar os espetáculos, mas as imagens das pessoas tomando as ruas, ocupando os espaços públicos, numa mistura de todas as tribos e idades. São as imagens de uma comunidade que, naquelas 24 horas, vive uma dimensão da liberdade.<br /><br />A sugestão é que vocês circulem pelos espaços em que os shows vão ocorrer como Praça da República, Largo do Arouche, Largo do Paissandu, Praça do Patriarca, Avenida São João, entre outros, de olho em cenas que mostrem a conquista do espaço."<br /></span><br />E o resultado pode ser conferido no<br /><a href="http://www.andredouek.blogspot.com/">http://www.andredouek.blogspot.com/</a><br /><br />E estamos todos convidados para a próxima...Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-91648462099566302842009-05-16T10:31:00.002-03:002009-05-16T10:37:32.373-03:00hipertendiniteTenho um amigo que estudou comigo e é meio geninho. Agora ele está em Harvard porque entrou em contato com uma professora e ela convidou ele pra ir lá, fazer o doutorado direto sanduiche. Eu acho ele muito foda.<br />Ai sonhei com ele.<br />Ele estava gordo e bonachao, como um dono de restaurante árabe ou um chefao da máfia. E suas maos estavam imobilizadas e cheias de ferimentos. Eu nao conseguia parar de olhar pras maos dele.<br /><br />Interpretaçoes?Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-23426982927772876722009-05-16T09:43:00.002-03:002009-05-16T10:31:05.386-03:00Armas empunhadas contra a sociedade da imagem e das celebridades instantâneasAcabei de descobrir um aliado poderoso na luta contra a imbecilidade do fascínio e do acompanhamento irrefletido da vida privada das celebridades.<br />Cabelereiros e manicures pobres, além de clínicas públicas.<br />É evidente que esses lugares, por mais que em algum momento tenham se preocupado em comprar umas revistas para que os clientes possam passar seu tempo, essa preocupaçao nao chega ao ponto de gastar dinheiro semanalmente nas novíssimas novidades do mundo de caras.<br />Ai as revistas ficam lá, envelhecendo. E o tempo é um antídoto poderoso. Esses dias vi a entrevista da Luana Piovani quando ela ainda estava "apaixonada" pelo Dado Dolabela. Dizia algo como "ele é maravilhoso. Me deu um carro! Um carro! Ninguém dá um carro pra uma pessoa! A gente sempre dá uma coisinha pequena, mas um carro? Todo dia quando saio para trabalhar, penso nele, tá lá a presença dele na minha garagem". É excelente pensar no que foi dar esse episódio de amor! É excelente pensar naquilo que mantinha tao lindo amor. E de repente, nao é mais uma notícia sobre amor incondicional ou sobre espancamento inesperado. Vira uma reflexao. Duas notícias idiotas, imediatas e podemos nos deparar com a profundidade do discurso celebridal.<br />A outra foi a notícia do casamento da Suzana Vieira com o PM. O que me chamou a atençao além da necessidade dela se sentir numa idade que ela já nao tem eram os presentes. Estavam presentes no casamento 3 atrizes. Como uma mulher que trabalha a décadas como atriz tem 3 companheiros de trabalho no casamento? 3 pessoas se dignaram a cumprir esse papel de presença no evento importante e noticiado. Imaginem o que levou o resto do povo a decidir nao aparecer.<br />Enfim, o noticiado do momentaneo e do fugaz, quando visto com uma distância temporal, revela sua supercialidade de uma maneira incontestável. Graças aos saloes de beleza e a clinica de atendimento psicologico da facul estamos mais livres.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9783865.post-3638180000352306822009-05-02T12:07:00.002-03:002009-05-02T12:12:55.654-03:00Noite ruim<span style="font-family:verdana;">Eu fiquei incumbido de capturar um dos pássaros que havia fugido. Ao invés de armadilhas, decidi conversar. São só dois anos, não vai doer, vai vir todo mundo te assistir... E os truques que você aprender, de repente você vai poder usar na sua vida, pra alguma garota...</span><br /><br />Não sei se estava falando dos adolescentes com quem trabalho ou de mim...Unknownnoreply@blogger.com1